Em 2006, a atriz Deborah Finocchiaro estreou o espetáculo Sobre anjos & grilos – O universo de Mario Quintana, que homenageava, claro, a obra do grande poeta alegretense (1906 – 1994). Agora é a vez de prestar reverência a outro luminar da cultura gaúcha e brasileira: Caio Fernando Abreu (1948 – 1996). Com pré-estreia para convidados nesta sexta (6/1) e sessões no sábado (7/1) e domingo (8/1), no Theatro São Pedro, Caio do céu vem em um momento de redescoberta do legado do autor. Recentemente, foi lançado o livro Numa hora assim escura, que reúne sua correspondência com Hilda Hilst, e voltou ao mercado o volume Caio Fernando Abreu: Cartas. Em setembro, o diretor Luís Artur Nunes e o ator Marcos Breda remontaram, depois de 20 anos, a peça O homem e a mancha, dentro do projeto CA(IO) Entre Nós, que pretende realizar outras atividades para manter vivo o legado do escritor e dramaturgo.
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Nunes, por sinal, é diretor de Caio do céu, que estreia neste Porto Verão Alegre, com roteiro de Deborah Finocchiaro, que por sua vez também atua, ao lado de Fernando Sessé. Deborah conta que sua relação com Caio é antiga. A segunda peça em que atuou foi Morangos mofados (1985), com direção de Luciano Alabarse. Laura, uma das irmãs de Deborah, musicou letras de Caio (trechos de Necessidade e Amor nojento aparecem no novo espetáculo), enquanto outra irmã, Lory, teria inspirado a personagem Márcia Felácio, do livro Onde andará Dulce Veiga?. Entre um projeto e outro, a atriz e diretora conheceu a irmã de Caio, Márcia de Abreu Jacintho.
– A gente se curtiu muito – conta Deborah. – Falei que queria fazer uma peça a partir da obra dele assim como tinha feito com o Quintana, e ela adorou a ideia. Começou a me mostrar textos que eu não conhecia, me deu livros do Caio.
Caio do céu tem sua origem no trabalho Caio em construção – O recital ou uma performática leitora sonora, que Deborah e Fernando Sessé estrearam em 2015. O novo espetáculo faz uso de diferentes referências e linguagens para abordar a obra do autor. Em vez de dar voz a um aspecto de Caio, reverencia suas diferentes facetas. O que interessa, segundo a atriz, é falar sobre a condição humana com sinceridade e transparência, exaltando a vida:
– Acredito nessa coisa meio piegas de que a arte tem que ser útil, tem que servir para nos ajudar a sair desse mar de cegueira que o sistema nos impõe. Tem que nos ensinar a ser mais sinceros, generosos, amorosos. Ainda mais nesses tempos sombrios em que vivemos.
Sobram elogios para o diretor Luís Artur Nunes, que foi amigo de Caio:
– Luís Artur é ótimo, estou aprendendo bastante com ele. É um homem generoso, querido, engraçado, tudo de bom.