Quem, ali pelos bicudíssimos anos 1970, se interessava por poesia – ou por formas expressivas que se colocavam contra o regime de exceção –, conhece Outubro, de Nei Duclós. Publicado em 1975, foi livro de cabeceira de minha geração e da que veio depois dela, e muita gente boa começou a entender o que era poesia de verdade através de sua (aparente) simplicidade.
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Lançado originalmente em 1975, numa publicação conjunta de A Nação e do Instituto Estadual do Livro (à época capitaneado pela fabulosa Lygia Averbuck), Outubro ganha agora uma edição comemorativa aos seus 40 anos. Com tiragem de 500 exemplares bancada pelo próprio autor, a edição é felizmente fac-similar, iniciativa que preserva a capa de alegria solar e as belas ilustrações de miolo feitas por Cláudio Levitan. E conserva também o trabalho do grupo que se reuniu para escolher os 83 poemas que comporiam o volume, gente do naipe de Caio Fernando Abreu, Ida Lobato Duclós, Juarez Fonseca (que também ficou responsável pela edição), além de Levitan.
Outubro é daqueles livros de resistência, de força e de lirismo, tudo a um só tempo, que traz o ideário de uma juventude que havia se formado na vigência da contracultura, debaixo de um brutal cerceamento de ideias e embalada pela tentativa de formação de uma identidade latino-americana. Volume antológico, desses clássicos já ao nascer, Outubro traz versos que soam viçosos ainda hoje ("Embora não acredites/ estou tão habitado/ que pareço um mar").
Nascido em Uruguaiana em 1948, atualmente Nei Duclós mora em Florianópolis e é autor de 20 livros, entre volumes de poesia, romances e infantojuvenis. Quem se aventurar pelas redes sociais e procurá-lo, terá oportunidade de colher poemas sempre novos, que o autor posta para quem quiser aproveitar. Vale a pena.
Os interessados em adquirir o livro podem escrever para neiduclos@gmail.com. Durante a Feira do Livro, podem conversar diretamente comigo pelo e-mail cintiamoscovich@gmail.com.
