Tudo começou como uma gravação de voz e violão no fundo do quintal de um amigo. Fernando Anitelli nunca havia gravado nada, mas algumas ideias vinham surgindo, e ele decidiu fazer delas um disco. A ideia de acrescentar um violino levou a mais um contrabaixo, outro violão, algumas percussões. Depois, amigos foram chamados para acrescentar barulhinhos ali, ruídos aqui, solos acolá.
Para levar tudo isso aos palcos, outros amigos foram convocados. A partir daí, por que não somar bailarinos? Foi quando as gravações feitas de uma vez só no quintal do amigo transformaram-se em Entrada para Raros, primeiro disco do grupo paulista O Teatro Mágico, lançado em 2003 e que será celebrado hoje pela banda, em um show especial no Salão de Atos da UFRGS.
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O espetáculo é resultado de um projeto de financiamento coletivo d’O Teatro Mágico. Se desde o início a ideia era fazer um agrado aos fãs, que quiseram ver o primeiro álbum da banda novamente nos palcos, Anitelli não imaginava que a iniciativa bateria o recorde nacional de arrecadação no site Catarse, chegando ao valor de R$ 390 mil. Com a grana, foram comprados equipamentos de som, luz e estrutura, que possibilitam, segundo o artista, algo ainda melhor do que o que os fãs viram em 2003.
– No começo de tudo, a gente improvisava pedaços de panos, cadarços, fitas, todo mundo vestia preto, fazíamos invenções para a coisa funcionar. Agora, estamos mais maduros, com figurino mais adequado. Revimos todo o álbum, mudamos os arranjos, mas, essencialmente, a apresentação continua com as surpresas, piadas, intervenções circenses e performances aéreas. O legal de Entrada para Raros é que é um disco que permite mais improvisos dentro de cada música, então podemos interagir com a plateia, sentir mais o clima do momento – empolga-se Anitelli.
Para o músico, tocar Entrada para Raros depois de 13 anos é uma diversão. Se em 2003 tudo era mais intuitivo e caseiro, voltar a essa fase com o conhecimento e a experiência de hoje pode servir como um estudo da própria identidade da banda. À época, conta Anitelli, as referências vinham do circo saltimbanco, para depois passar por estéticas que remetiam ao cinema e a filmes de cineastas como Stanley Kubrick e Federico Fellini. Voltar a esse primeiro álbum é também passar toda essa trajetória a limpo.
– É uma coisa muito louca. Eu nunca tinha gravado nada, demorei um ano para fazer o disco. Ouço esse CD hoje e percebo um monte de defeitos, muita coisa errada que sobrou, que vazou, mas um disco é isso, um retrato de um momento. E foi um momento muito bacana, de descoberta. Voltar a isso hoje e atualizar aquele material é muito interessante – diz Anitelli.
O Teatro Mágico
Nesta quarta-feira, às 20h30min. Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110). Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (promocional, mediante doação de 1kg de alimento), à venda na loja My Ticket Moinhos (Padre Chagas, 327, em Porto Alegre) ou pelo site eventicket.com.br.