Com quase 50 anos de existência (a serem completados em 12 de agosto), o Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (Marsul), localizado em Taquara, possui um acervo histórico que reúne artefatos cerâmicos, têxteis e vestígios de civilizações pré-coloniais e coloniais. Porém, por conta dos problemas em sua infraestrutura, está fechado para visitações.
Hoje, quem circula pelos arredores do Marsul vê uma edificação semiabandonada. O prédio que dá lugar ao museu está com vidros quebrados e piso e paredes desgastados. Além disso, por consequência da falta de manutenção, há muitas infiltrações visíveis externamente. Devido aos riscos que a umidade oferece ao acervo, os itens encontram-se guardados em uma única sala, no auditório do museu.
O local conta com apenas um funcionário, o historiador Antônio Carlos Soares, que não foi autorizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) a falar com ZH sobre as condições do prédio, e sim apenas sobre o trabalho lá realizado. Segundo Soares, atualmente, o Marsul dedica-se a "salvaguardar e manter o acervo".
O museu foi fechado em agosto de 2010 pelo Ministério Público Federal (MPF), a partir de recomendação do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). No texto do processo, o MPF observa que o local apresentava riscos que poderiam ocasionar a danificação do acervo, além da precarização das instalações físicas e da existência de danos na rede elétrica. Também parte do museu estaria sendo utilizada como depósito de objetos da prefeitura. Segundo a Sedac, no entanto, a administração municipal de Taquara já retirou esses materiais.
Em busca de parceiros
A reabertura do Marsul depende da resolução de duas demandas: melhorar as condições do prédio, de forma a criar condições para o armazenamento das peças do museu, e contratar pessoal para gerir a instituição. No que diz respeito à manutenção da infraestrutura, o superintendente do Iphan no Estado, Eduardo Hahn, afirma que busca, em conjunto com a Sedac, ajuda da iniciativa privada para encontrar algum empreendedor que apoie a recuperação do Marsul via leis de incentivo à cultura.
– Entramos em contato com empresas privadas na busca por parceiros, mas ainda não recebemos aceno positivo. O momento da economia brasileira não colabora muito – afirma Hahn.
O superintendente conta que, recentemente, a Sedac enviou uma equipe de manutenção para limpar o local. Conforme Hahn, os itens lá armazenados não correm risco de deterioração por conta da umidade ou das condições da sala na qual estão guardadas.
Para possibilitar a contratação de pessoal especializado, foi lançado no final de 2015 um edital abrindo licitação para promover a chamada de pessoas jurídicas interessadas em realizar atividades de curadoria, pesquisa e divulgação dos itens pertencentes ao museu. O edital definia que empresas podiam apresentar propostas até 31 de março. Segundo a Sedac, a procura ocorreu "dentro da normalidade". Atualmente, as propostas estão sendo analisadas pela pasta, que não sabe especificar uma data de reabertura do local para visitantes, mas garante que o Marsul voltará à ativa.
"(A secretaria está) Realizando os atos administrativos necessários para dar prosseguimento à assinatura de um convênio com o governo federal buscando garantir verba para reforma do prédio do museu", diz a nota emitida pela Sedac a Zero Hora.
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Antes e depois da colonização
Localizado no município de Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre, o museu foi responsável, até 2010, pela exposição de itens arqueológicos provindos do próprio Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Mato Grosso, de Rondônia, do Pará, do Amazonas, do Peru e do México, entre outros locais. Seu acervo conta com utensílios que pertenceram a culturas pré-coloniais como Santarém e Marajoara e povos ancestrais latino-americanos, além de artefatos das Missões Jesuíticas encontrados no Estado. Ao todo, o museu conta com um catálogo de objetos de mais de 670 sítios arqueológicos do continente.
O historiador Antônio Carlos Soares, único funcionário do Marsul, destaca o acervo do local, que mantém itens vindos de uma extensão do Brasil que cobre "desde o Amapá até o Rio Grande do Sul":
– O Marsul é importante para a história da arqueologia brasileira de maneira geral. O museu foi criado em uma época em que não existia arqueologia no Brasil (leia quadro no alto desta página) e serviu como um pontapé inicial para a arqueologia do sul do país. A instituição teve essa função de catalisar os estudos no país.
O MUSEU
– O Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul existe desde 1966 e encontra-se fechado para visitas desde 2010. Fica na RS-020, Km 58, no município de Taquara, Região Metropolitana de Porto Alegre. Fone: (51) 3542-1553.
– Em seu acervo constam itens arqueológicos do período pré-colonial brasileiro vindos de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Rondônia, Pará e Amazonas, de culturas como Santarém e Marajoara e de povos indígenas como o Nambiquara, além de material das missões jesuíticas gaúchas.
– Há também artefatos de povos ancestrais da América Latina localizados nos territórios do Peru e do México