Depois de meses de tensão crescente, de um jogo truncado e cheio de cartas na manga criado por João Emanuel Carneiro, chegou a hora de relaxar no horário nobre. Respirar novos ares e mergulhar nas águas do Velho Chico, um rio que tem muita história pra contar. Nesse mergulho, o público sabe exatamente onde pisar, sem riscos de perder o fôlego. É a nostalgia de volta à telinha, com direito a Coronéis, capatazes, amores proibidos, enfim, o jeito antigo de fazer novela.
É claro que muita gente pode estranhar da nova trama. Depois de uma série de novelas mais ágeis, com assassinatos, paixões avassaladoras, chantagens, crimes mirabolantes, periguetes e vilões complexos, o fluxo lento do Velho Chico assusta. Por que tanta cantoria, paisagens, cenas sem nenhum diálogo? Porque esse é o estilo de Benedito Ruy Barbosa, um autor "das antigas", incompreensível para as novas gerações, mas marcante para a história da teledramaturgia.
O estranhamento no início da novela é compreensível. Afinal, saímos do mar turbulento de A Regra do Jogo para um rio que passa beeeem devagar. Mas garanto, dê uma chance para o "velho jeito de fazer novela". O conjunto da obra vale a pena.
Mergulhar nas águas do Velho Chico é muito mais tranquilo e prazeroso do que o mar de lama que circunda nossa realidade. É o alívio ficcional certo, na hora certa.
Arrasadores – O primeiro capítulo foi todo de Tarcísio Meira, sem sombra de dúvidas. Em uma participação especialíssima, o ator de 80 anos nos lembrou porque é um dos "monstros" da teledramaturgia. Destaque também para Rodrigo Lombardi, em um duelo parelho com Tarcisão.