Foi Frank Underwood (Kevin Spacey) que disse, lembrando Oscar Wilde: "Tudo é sexo. Exceto sexo. Sexo é poder".
A sentença é só uma entre as diversas preciosidades desse grande personagem (leia outras abaixo), protagonista daquela que talvez seja a melhor série em produção atualmente na TV - House of Cards. Essa citação, especificamente, ajuda a entender o clima da quarta temporada, cujos 13 episódios estão disponíveis a partir desta sexta-feira na Netflix.
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O impactante final da terceira temporada (se você não viu e não quer spoilers, recomenda-se parar por aqui) escancarou a crise de Underwood com a até pouco tempo atrás principal parceira em sua ascensão política: sua mulher Claire (Robin Wright).
Ocupando o posto de presidente dos EUA, em substituição a Garrett Walker (Michel Gill), o inescrupuloso personagem estava em plena corrida eleitoral, buscando aprovação popular para se manter no poder.
Em seus movimentos friamente calculados, já conseguira a aprovação do projeto populista America Works - e conseguido lidar com o igualmente ardiloso Viktor Petrov (Lars Mikkelsen), presidente da Rússia. Foi em meio à crise internacional que ele perdeu Claire - nomeada embaixadora das Nações Unidas.
Os marqueteiros da campanha de Underwood queriam vê-la perto dele, para explorar a imagem de um casal perfeito. Terá Claire, a despeito disso, se afastado irreversivelmente do marido, como deram a entender as últimas sequências da terceira temporada? A julgar pelo trailer da quarta, liberada dias atrás, a crise conjugal estará no centro das ações dos próximos episódios - só não se sabe de que forma, e o quanto ela vai afetar as pretensões políticas de Underwood, que é com o que ele realmente se importa.
Um componente extra nessa história é o fato de Claire saber com quem está lidando. Ela - e também o próprio espectador, com quem Underwood "conversa", uma das marcas de House of Cards - já viu o que o homem foi capaz de fazer, entre outras pessoas, com a jornalista Zoe Barnes (Kate Mara), que foi usada e descartada sem qualquer remorso.
Dispondo desse conhecimento, Claire será uma "adversária" à altura do anti-herói, capaz, por exemplo, de se antecipar às suas crueldades, ou mesmo ser ela própria cruel como já demonstrou que pode ser?
No fundo, a guinada à vida pessoal constitui uma curva dramática lógica da trama, se lembrarmos de Macbeth, uma de suas evidentes referências. Pode o fim dos dois parecer cm o da tragédia de Shakespeare? Muito cedo para dizer - ao menos este escriba espera que haja muitas temporadas para sabermos.
Algumas frases já clássicas de Frank Underwood
"A democracia é algo superestimado".
"Acene com a mão direita - mas segure uma pedra com a esquerda."
"A proximidade do poder ilude as pessoas a pensar que elas têm condições de lidar com ele."
"O caminho para o poder está pavimentado com hipocrisia e algumas casualidades."
"Só há dois tipos de vice-presidentes: os capachos e os assassinos."
HOUSE OF CARDS
Todas as quatro temporadas estão disponíveis
(a quarta a partir desta sexta-feira).
Na Netflix.