Com 20 anos de carreira, Fabiula Nascimento celebra o personagem que recebeu do diretor Luiz Fernando Carvalho em Velho Chico. Com Eulália, a atriz de 37 anos interpreta na obra de Benedito Ruy Barbosa um papel mais maduro do que os anteriores. Apenas quatro meses depois de se despedir de I Love Paraisópolis, trama das sete que terminou em novembro, ela precisou encarar gravações no sertão de Alagoas e aprender o sotaque nordestino. A dedicação ao trabalho apareceu na tela: Fabiula é um dos grandes destaques da primeira fase da nova novela das nove, exibida pela RBS TV. Na entrevista a seguir, ela conta um pouco mais sobre o folhetim e a profissão.
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Você viajou com a equipe para gravar em Alagoas. Como foi essa experiência?Foi maravilhoso e necessário. Sentir realmente o que é estar naquela terra, ouvir as pessoas da região e o dialeto delas. A gente começou a novela em 1968, que era um período um pouco diferente. Mesmo assim, foi incrível. Você chega de sapatos e, de repente, percebe que não precisa deles, pode colocar os pés no chão. Fez toda a diferença essa experiência para a realização desse trabalho. Completou o processo de criação.
Como foi esse processo?
Bem longo, dentro do galpão do Luiz Fernando (espaço que o diretor construiu no Projac para desenvolver seu trabalho com o elenco). Foi importante para a nossa chegada ao sertão de Alagoas. Essa é a minha primeira vez trabalhando com ele e fiquei totalmente apaixonada. Vim do teatro e foi uma espécie de retorno aos palcos.
Por quê?
Tivemos mais tempo para trabalhar cada personagem. Foram quase dois meses de estudos e experimentos, todos os dias. Normalmente, isso não acontece na TV nem no cinema. Senti como se estivesse em uma produção teatral mesmo. Eram oito horas diárias, comungando, encontrando e concebendo esses personagens.
Velho Chico se difere das últimas novelas das 21h pela ambientação rural e pela forte carga de romance. Você acha que o público sentia falta desse tipo de folhetim nessa faixa de horário?
Não posso falar pelos telespectadores, mas esperava poder assistir a uma novela assim de novo. Acho incrível porque cresci vendo as tramas do Benedito Ruy Barbosa. Hoje em dia, as pessoas andam muito intolerantes, sem afeto. Os laços de amor são cada vez mais solúveis, e os casais não ficam mais juntos. Essa coisa de pregar o amor, contar um romance é muito legal.
Eulália tem uma carga dramática bem mais intensa que suas últimas personagens na TV. Como você recebeu isso?
Pois é, foi outro registro dentro da minha carreira na TV e completamente diferente. Fiquei encantada e emocionada com essa personagem porque ela vive intensamente e, ao mesmo tempo, com medo de tudo que está ao redor dela. Eulália só quer o melhor para a população. E sofre por causa disso. Fico bastante orgulhosa por poder representar uma mulher como ela em uma novela tão forte quanto Velho Chico.
* Por Márcio Gonçalves