Atores sempre querem ser desafiados. Daí o desejo de interpretarem psicopatas, bandidos ou grandes heróis. Três tipos que estão bem longe da realidade de Deborah Evelyn atualmente. A atriz dá vida à perturbada Kiki em A Regra do Jogo , vítima da Síndrome de Estocolmo - quando a vítima se apaixona por seu sequestrador.
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– Kiki é muita emoção. Todo dia é uma loucura e eu gosto de fazer personagens assim, extremamente fortes. Daqueles que mexem comigo antes até de mexerem com o público. É um dos papéis mais difíceis da minha carreira – avalia Deborah.
Na história, Kiki era casada com Romero (Alexandre Nero), um dos principais aliados de Gibson no crime. Mas ela descobriu tudo, inclusive que era o próprio pai quem comandava a facção. E, para não correr o risco de ter sua vida dupla revelada, Gibson tomou uma decisão drástica: sem coragem de matar a filha, planejou o sequestro dela e a deixou trancada em um quartinho durante cerca de dez anos. Com o passar do tempo, ela se afeiçoou ao bandido responsável por mantê-la ali, Zé Maria (Tony Ramos), com quem acabou tendo uma filha, Aninha (Letícia Braga).
– É um estado psicológico em que a pessoa não consegue se separar daquele algoz. Ele é a único que dá comida e o mínimo de carinho É inconsciente: a vítima pensa que é melhor ser boazinha porque, assim, ele vai agir da mesma forma – analisa.
Deborah começou a aparecer em A Regra do Jogo perto da metade da novela. Mas, assim que foi escalada para o folhetim de João Emanuel Carneiro, ouviu dele tudo que precisava saber sobre a personagem. Desde o drama dos anos em cativeiro até a verdadeira identidade do misterioso "Pai".
– De cara, ele (João, o autor) me mostrou o quão interessante seria esse trabalho. Quando a Kiki entrou, tudo ganhou outro ritmo. Não só por causa dela, mas também por diferentes histórias. Se o Gibson fosse só o chefe da organização, já seria um vilão horrível. Mas o que ele fez com a filha é monstruoso – defende.
O mais curioso é que o papel em A Regra do Jogo veio quase como um "prêmio de consolação". Deborah já tinha iniciado sua preparação para encarnar a Inês de Babilônia quando descobriu que a vilã loura tinha sido dada para Adriana Esteves. Uma situação que não chegou a incomodá-la, mas causou grande surpresa.
– O Gilberto (Braga, autor) tinha me ligado e contado sobre a Inês e eu já tinha lido capítulos. Mas eu trabalho em uma empresa e a gente precisa fazer o que é pedido. E todos foram muito honestos comigo. Senti a dor da perda, mas fiquei bastante feliz com o que recebi – garante Deborah.
Além da trama complexa, outra dificuldade que a atriz enfrentou foi o fato de começar a gravar quando todos os outros nomes do elenco já estavam completamente familiarizados.
– É difícil porque é no início de uma novela que tudo se estabelece. Tanto pelo grupo de trabalho quanto pela energia. Mas fui muito bem acolhida e foi mais fácil do que imaginava – entrega
*Márcio Gonçalves