Em um ano marcado pelo boicote de artistas negros à cerimônia do Oscar – que será realizada no dia 28 –, a Academia de Hollywood pode dar um importante passo no que diz respeito à diversidade sexual. Antony Hegarty, vocalista da banda Antony and the Johnsons, é a primeira mulher transgênero a receber uma indicação em quase 40 anos. A cantora concorre ao Oscar 2016 de melhor música por Manta Ray, que está na trilha do documentário A Corrida Contra a Extinção, de Louie Psihoyos.
Antony é a segunda mulher transgênero a concorrer a uma estatueta do maior prêmio da indústria. Antes dela, Angela Morley foi nomeada duas vezes ao prêmio por suas trilhas para O Pequeno Príncipe (1974), de Stanley Donen, e O Sapatinho e a Rosa: a História de Cinderella (1976), de Bryan Forbes. A Corrida Contra a Extinção narra a corrida de ativistas contra uma possível extinção em massa de animais no planeta.
Nascida em Sussex, na Inglaterra, em 1971, Antony é conhecida por sua voz poderosa. Com seu vocal crooner andrógino que remete a Nick Cave e Nina Simone, a cantora conquistou artistas como Björk (Pensei estar ouvindo uma cantora negra”, afirmou a cantora islandesa sobre a voz de Antony) e Lou Reed (1942 – 2013), com o qual colaborou no álbum The Raven (2003).
Sua banda, a Antony and the Johnsons, está na ativa desde 1995 e é responsável por três discos bem recebidos pela crítica –I'm a Bird Now (2005), City Lights (2009) e Turning (2014). Além de sua carreira musical, Antony já fez, ao longo de sua trajetória, diversas incursões em outros ramos artísticos. Em 1992, foi uma das fundadoras do grupo de teatro The Black Lip Performance Cult, que se apresentava no Lower East Side, bairro nova-iorquino frequentado por artistas. A cantora também foi curadora de galerias de arte e séries performáticas como Future Feminism (2014), na qual defendeu um feminismo associado ao ativismo ecológico.
Confira a canção Manta Ray, parceria de Antony e J. Ralph que concorre ao Oscar na categoria Melhor Canção Original em 2016.