"Theeb" significa lobo em árabe. É o nome do protagonista e o título da coprodução internacional que está indicada ao Oscar de filme estrangeiro (representando a Jordânia) e que, no Brasil, foi batizada O Lobo do Deserto. No longa, que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, o diretor britânico-jordaniano Naji Abu Nowar vira do avesso o clássico Lawrence da Arábia (1962). Em dois aspectos: aborda o mesmo período histórico do filme de David Lean, porém, pela perspectiva das tribos do Oriente Médio, e não do "intruso" inglês, e de uma forma intimista, oposta ao caráter épico da trama que a precedeu.
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O menino Theeb (Jacir Eid Al-Hwietat) e seu irmão mais velho Hussein (Hussein Salameh Al-Sweilhiyeen) são dois beduínos que guiam um forasteiro britânico pelo deserto em meio à Revolta Árabe (1916-18) contra o Império Otomano, que está inserida no contexto da I Guerra Mundial. O território conflagrado reserva armadilhas, que lá pelas tantas vão exigir maturidade do garoto, especialmente quando ele precisa contar com a ajuda de um mercenário que o havia atacado antes. É o aprendizado do guri, em meio à ética da guerra (que em nada combina com o caráter idílico da infância), que interessa ao estreante Nowar.
A mão do diretor faz o talento do pequeno protagonista (um ator não profissional que vive na região) reluzir ao longo da jornada. As sequências em torno de um poço d’água, onde ele se esconde sob ataque, também impressionam pela tensão que provocam. Conforme o tempo passa, o espectador percebe que aquele momento é chave para compreender a maturação do lobo – e seus atos subsequentes.
O problema é que a encenação, às vezes, é pobre demais, e todas as informações sobre o contexto dos acontecimentos só estão disponíveis via trailer, sinopse e peças publicitárias. Por si só, a narrativa de O Lobo do Deserto não responde a diversas questões que surgem durante o filme. O que compromete a fruição.
O Lobo do Deserto
De Naji Abu Nowar
Com Jacir Eid Al-Hwietat e Hussein Salameh Al-Sweilhiyeen.
Drama, Jordânia/Grã-Bretanha/Emirados Árabes, 2015, 100min.
Em cartaz no Espaço Itaú, em Porto Alegre.
Cotação: regular.