Gênero teatral de grande popularidade no país nos anos 1980, o besteirol virou uma palavra de tamanho apelo que se afastou da acepção original - exemplo disso foi uma comédia cinematográfica americana de 2001 que recebeu, no Brasil, o curioso título Não É Mais um Besteirol Americano. Originalmente, o besteirol foi uma forma teatral surgida no final da ditadura militar, em meio à abertura da censura, que se caracterizou por um humor nonsense, com referências ao universo pop do cinema e da TV, em espetáculos que costumavam agrupar cenas curtas e atores que frequentemente se valiam do recurso do travestimento. Observado com reserva por críticos da época (Barbara Heliodora, no entanto, foi uma incentivadora), o besteirol influenciou o programa TV Pirata, que tinha em sua ficha técnica roteiristas que se destacaram nas salas de espetáculo, como Mauro Rasi, Vicente Pereira, Pedro Cardoso e Felipe Pinheiro.
Análise: o Teatro do Besteirol e sua origem
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Embora guarde o espírito da época, o gênero é revisitado até hoje nos palcos brasileiros, como prova o espetáculo Besteirol, a Comédia, ou Tem Drag Queen no Funk!, que estreia em curta temporada, desta quarta a sábado, às 20h, no Teatro do Sesc Centro, dentro da programação do Porto Verão Alegre. A produção reúne uma dupla de atores - formação típica do besteirol - que são amigos de longa data: Lauro Ramalho, conhecido pelo trabalho na Cia. Stravaganza e pela divertida personagem Laurita Leão, e Claudio Benevenga, autor e diretor de Night Club - O Musical e de comédias de sucesso a exemplo de Como Agarrar um Marido Antes dos 40. A direção é assinada por Zé Adão Barbosa, que estreou em janeiro o musical Dona Flor e Seus Dois Maridos, também no Porto Verão.
Com consultoria do pesquisador Luís Francisco Wasilewski, que dedicou mestrado e doutorado na USP ao besteirol, a equipe reuniu quatro textos curtos para compor o espetáculo. Macaquitos nel Sótão, de Maria Lucia Dahl, mostra a relação de um casal de meia-idade com uma prostituta. De Vicente Pereira, uma das grandes figuras do gênero, constarão dois textos: Vamos Falar Francamente?, um monólogo adaptado aqui para dois atores, trata de personagens que cuidam de uma pessoa com doença em fase terminal, e Aula de Dança traz ecos de Ionesco ao retratar a falta de comunicação entre um professor e uma aluna de dança. O texto que serve de moldura aos demais é Tem Drag Queen no Funk!, escrito pelo próprio Wasilewski, que estabelece uma ponte com a atualidade por meio da funkeira Pequena Sereia e da drag queen Hemo Dálisi. Diz Lauro Ramalho:
- Muitos artistas trabalharam com o besteirol no Rio Grande do Sul. Eu, Zé Adão, Renato Del Campão, enfim, vários beberam no gênero. Bonecas à Beira de um Ataque de Risos (2004) era um pouco besteirol. O Bordel das Irmãs Metralha (2006) também. A Patsy Cecato fez muitas coisas nesse sentido.
Sobre o espetáculo, Claudio Benevenga observa:
- Não é um riso gratuito. Também faz refletir, tem um pouco de drama junto, como mostra o texto Vamos Falar Francamente?.
Primeiro professor de teatro de Benevenga e diretor de diversos espetáculos de Ramalho, além de ter trabalhado com os dois juntos em A Vida Escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato (1991), Zé Adão garante que o besteirol exige grandes atores:
- O Lauro é um dos maiores comediantes com que já trabalhei, tem o timing da comédia. É a primeira vez que dirijo o Claudio em comédia e estou surpreso com o humor que ele consegue dar aos personagens. O diretor pode trabalhar um ator dramático, mas um comediante praticamente nasce feito.
Programe-se
Festival de teatro que ocupa os principais palcos da cidade até dia 14 de fevereiro. Ingressos para as sessões de teatro adulto custam R$ 15 (antecipado - idosos e estudantes), R$ 20 (antecipado - sócio e acompanhante do Clube do Assinante e titular e acompanhante do Cartão Banricompras), R$ 25 (antecipado - inteira), R$ 15 (na hora - idosos e estudantes), R$ 24 (na hora - sócio e acompanhante do Clube do Assinante e titular e acompanhante do Banricompras) e R$ 30 (na hora - inteira). Ingressos para as sessões de teatro infantil custam R$ 12 (antecipado) e R$ 15 (na hora). Pontos de venda: DC Shopping (Casarão Verde, loja 133, de segunda a sexta, das 13h às 19h) e Bourbon Country Shopping (bilheteria do Teatro do Bourbon, de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos e feriados, das 14h às 20h). Venda antecipada (com taxa de 15% sobre o valor do ingresso) pelo site myticket.com.br, até 24h antes de cada sessão. Somente para as peças que ocorrem no Teatro do Bourbon Country, a venda online é pelo site ingressorapido.com.br. Ingressos para as peças que ocorrem no Theatro São Pedro são vendidos somente nos pontos de venda físicos. Ingressos na hora dos espetáculos: caso não tenham se esgotado antecipadamente, os ingressos serão vendidos também nas bilheterias dos respectivos teatros, duas horas antes de cada sessão. Os ingressos para espetáculos no Instituto Ling também serão vendidos antecipadamente no local