O cinema de GNC Moinhos abriu mais cedo neste sábado. E para discutir jornalismo. Antes das 10h, interessados em conhecer os bastidores de grandes reportagens já começavam a ocupar as poltronas do espaço para uma sessão comentada do Spotlight - Segredos Revelados. Era a primeira edição de 2016 do Cineclube ZH, com a participação das jornalistas Larissa Roso e Letícia Duarte, com mediação do colunista Roger Lerina.
O longa, indicado ao Oscar em seis categorias, dramatiza a história por trás da matéria que denunciou uma série de crimes sexuais cometidos por padres contra crianças em Boston. Publicado em 2002, no The Boston Globe,o texto demonstrava que os abusos não eram fatos isolados e indicava a conivência da Igreja Católica nos ocorridos, convertendo-se um grande exemplo das potencialidades do jornalismo investigativo.
Após a sessão, o debate tratou do papel do jornalismo e seus principais desafios cotidianos, além de tratar das diferenças entre a imprensa americana, retratada no filme, em relação à brasileira.
– O filme retrata um time de reportagem investigativa que consegue trabalhar mais de um ano em uma apuração. Isso é um luxo inominável, raríssimo de acontecer no Brasil. Hoje em dia, é também raro esse tipo de grupo nas redações americanas, que estão passando pela mesma crise que enfrentamos aqui – afirmou Larissa, que assina em ZH reportagem especiais com Meu Nome é Helena e Últimos Desejos, entre outros trabalhos de destaque.
Letícia Duarte, autora da reportagem Refugiados, Uma História, definiu o papel do jornalismo investigativo:
– Nossa tarefa é divulgar o que todo mundo quer esconder – afirmou. – Às vezes é um trabalho frustrante, porque as mudanças conseguidas depois da publicação das matérias são muito pontuais. Por outro lado, há conquistas. É gratificante quando alguém me escreve para dizer que foi tocado por algo que publiquei ou que mudou alguma conduta de sua vida por conta da leitura.
O evento, que presenteia leitores do 2º Caderno com sessões gratuitas de cinema, teve distribuição de pipoca e refrigerante pelo Clube do Assinante e GNC Cinemas. Com a grande procura do público pelos ingressos, o Cineclube fazer novas edições em breve.
– Já estava interessada em ver o filme, mas quando soube que iria haver também debate, resolvi vir nesta sessão – contou a espectadora Carmem Keidann, psicanalista.