Nem tinha dado tempo para lidar com a morte de Gilberto Mendes, o decano dos compositores brasileiros de música de concerto, e veio a morte de Pierre Boulez, último representante da vanguarda musical dos 1950. O ano poderia ter começado melhor. Para quem leva música de concerto a sério, são dois desaparecimentos significativos - geracionais, inevitáveis e previsíveis, mas com a tristeza do divisor de águas, da perspectiva do não retorno.
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Boulez está longe de ter sido uma figura consensual. Como compositor, foi indiscutível. Há quem deteste o que ele criou, mas isso é uma questão de gosto ou desconhecimento, como diria Theodor Adorno a respeito de outro compositor pouco consensual, Arnold Schoenberg. A música de Boulez, mesmo no seu estado de mutação constante - as obras só se completavam depois de anos, às vezes décadas - encontrou um lugar difícil de ignorar na história das vanguardas do século passado.
Coluna
Celso Loureiro Chaves: Gilberto e Boulez
O colunista escreve quinzenalmente para o 2º Caderno
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