Para algumas pessoas, verão é sinônimo de Big Brother Brasil: domingo, formação de paredão, terça, eliminação, quinta, prova do líder. Torcer, votar e assinar paperview entram no pacote. Bem, eu não sou uma delas. Por isso, quando me convidaram para conhecer a "casa mais vigiada do Brasil", eu realmente não sabia onde estava me metendo.
Eis que, chegando lá, descobrimos que a experiência iria um pouco além do que esperávamos. Nós, 15 jornalistas, seríamos "microfonados" e confinados por algumas horas. Todos sabendo tudo de BBB. Eu não.
Percepção nº 1: a casa não é afastada, mas é bem isolada
Podem me chamar de desentendida, iludida, ou seja lá o que for, mas eu realmente achei que a casa fosse isolada do mundo, afastada de qualquer resquício de vida normal, e me surpreendi quando chegamos no local no meio do Projac. A entrada, que parece tão imponente em dias de eliminação, com torcidas empolgadas, me pareceu um contêiner aberto – o que talvez tenha a ver com a temática da casa neste ano, inspirada em uma fábrica, repleta de objetos antigos. Tudo isso me fez pensar se os participantes realmente se sentiam em uma bolha.
A resposta veio cerca de uma hora depois, quando nós mesmos, jornalistas profissionais a trabalho, mergulhamos na novidade e viramos réplicas exatas de brothers. Os muros impedem que se enxergue qualquer coisa fora daquele microcosmos, e imagino que a falta de contato com o lado externo crie essa distância imaginária.
Percepção nº 2: lar de narcisistas
Lá dentro, ela é quase uma residência comum. Quase, não fosse a grama sintética, uma imagem cenográfica de paisagem em volta da parte coberta do jardim, as câmeras expostas e os espelhos (com as câmeras escondidas) por TODA parte (inclusive no chuveiro). Lar perfeito para os vaidosos, difícil se controlar e não ficar checando a aparência. Pelo menos até tu lembrares que tem alguém te olhando por ali e ficar constrangido.
Percepção nº 3: todos viram brothers
O "jogo" começou quando uma voz masculina vinda do além nos informou que tinha algo nos esperando na despensa. Eram fantasias e maquiagens. O acesso ao pátio tinha sido fechado, e, depois de nos arrumarmos, uma festa linda nos esperava na rua, com direito a buffet e bebida.
Então, vi o BBB se desenhando na minha frente. Tinha a menina extrovertida animando todo mundo e dançando até o chão, pessoal tentando se enturmar com desconhecidos, gente entrando na piscina de sunga (ou cueca), e até bronca alguns levaram por ter entrado na área proibida do varal, que não é térreo e cujo acesso se dá por meio de uma escada. O microfone virou mero detalhe. Víamos direitinho quem seriam os brothers recatados e os expansivos (eu certamente me enquadraria na primeira classificação e não duraria duas semanas).
Foram umas quatro horas divertidíssimas de confinamento.
Percepção nº 4: rehab de redes sociais
Definitivamente, o mais difícil foi ficar sem celular. Hoje em dia, deveriam chamar o BBB de rehab da tecnologia. Já imaginou ficar três meses sem conferir WhatsApp, Facebook, Instagram e Snapchat a cada 15 minutos? É um choque de realidade. E o pior (ou melhor): não há ferramenta para se esconder da socialização. Não quer conversar com ninguém e nem dançar na festa? Beleza, fica aí admirando o nada com cara de tacho e seja eliminado.
Me peguei pensando em olhar o celular em diversos momentos desconfortáveis nos quais não sabia o que fazer. Mas quanto à exposição, não há com o que se preocupar. "O BBB é uma selfie constante", como definiu o apresentador Pedro Bial aos jornalistas no mesmo dia.
Percepção nº 5: xixi (e outras coisas) monitorado (as)
No final, eu estava louca para ir embora. Motivo: precisava fazer xixi e não tive coragem de entrar no banheiro com uma câmera me olhando (sim, não há ponto cego).
* A repórter viajou a convite da TV Globo