Sem pressa para fechar as portas, a Cosac Naify anunciou que deve continuar vendendo seus livros até que o estoque acabe. Ainda que a prática tenha sido comum nos últimos anos da empresa, liquidações não devem ser feitas nos últimos dias de editora. Com 1,6 mil títulos no catálogo, de clássicos como Tolstoi a monografias de artistas, passando por romancistas estrangeiros como Enrique Vila-Matas e Valter Hugo Mãe, a Cosac Naify teve seu fim anunciado na última segunda-feira, por meio de seu fundador, Charles Cosac, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo.
O comunicado enviado à imprensa informa que "gradativamente, o editorial entrará em contato com os autores e colaboradores da casa para os acertos pendentes" e que "comunicação com os nossos leitores será feita pelas redes sociais da editora". A assessoria de imprensa da editora afirma que os sócios da empresa não darão entrevistas e que situações envolvendo contratos já fechados e direitos sobre obras serão discutidas individualmente com os autores e detentores de direitos.
Apesar de o diretor financeiro da editora, Dione Oliveira, ter dito ao jornal Folha de S. Paulo que não há uma data exata para o encerramento das atividades, o texto enviado à imprensa comunica que "não vamos definir uma data exata para isso (o encerramento das atividades); no entanto, dezembro é, por assim dizer, o mês final".
Charles Cosac comunicou nesta segunda-feira sua decisão aos funcionários da empresa, após conversar com seu sócio, o empresário norte-americano Michael Naify, que apoiou sua iniciativa. Em situação deficitária pelo alto investimento que demandam seus projetos editoriais, alguns com produção gráfica sofisticada e sem garantia de retorno financeiro, a Cosac Naify tentou, segundo seu fundador, criar fórmulas que cobrissem os prejuízos dessas edições especiais, mas a situação do mercado não ajudou. A Cosac Naify surgiu como editora com o livro Barroco de Lírios, de Tunga, e vai encerrar sua história também com um livro do artista pernambucano, ainda em preparo.
*Com agências