A Feira sediou ao longo de toda a segunda-feira uma homenagem múltipla ao escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, para marcar três efemérides em uma: os 70 anos de idade do autor, os 40 de sua atividade literária e os 30 da oficina literária que ele coordena, a mais tradicional do Estado.
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Assis Brasil foi tema e centro de um seminário que se estendeu ao longo da segunda-feira abordando vários aspectos de sua carreira: sua obra, sua biografia, a fortuna crítica de seus livros, seu papel de formação de escritores e uma mesa final sobre Diário de um Novo Mundo, adaptação de seu romance Um Quarto de Légua em Quadro.
- A trajetória do Assis é a mais importante dos últimos 50 anos na literatura do Rio Grande do Sul. Ele foi alguém que ao longo dessa trajetória produziu uma obra vasta e que não teve medo de se reinventar em termos de estilo. Além, é claro, de ser alguém que amamos muito - comentou o escritor Tabajara Ruas, presente na homenagem.
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Assis Brasil formou ao longo dos últimos 30 anos vários escritores hoje atuantes na cena literária local e nacional, com sua oficina de criação literária ministrada há 30 anos na PUCRS.
- Cursar a oficina do Assis Brasil incrementou minha segurança e minha autocrítica para escrever no começo da carreira. A oficina oferece uma combinação perfeita de lições técnicas e debate constante em cima da produção de contos dos alunos. Isso ajuda os autores a perseguirem seu próprio estilo, sem necessariamente transmitir um modelo de escrita como o único correto à disposição. Saí da oficina um leitor e um escritor mais preparado, e a partir daquela base persegui minhas ideias e meu estilo ao longo dos anos - conta Daniel Galera, autor de Barba Ensopada de Sangue, um dos muitos autores que passaram pela oficina ao longo de três décadas.
Afetuoso e sem afetação, Assis não ressalta seu próprio papel, mas prefere comentar que viu o desabrochar de talentos.
- Sou consciente de que pude acompanhar desde o início algumas carreiras que hoje estão consolidadas, escritores que publicaram seus livros, ganharam prêmios, e hoje têm seus leitores. É um privilégio - diz Assis.