Entre as décadas de 1970 e 1990, as noitadas na boemia contracultural porto-alegrense eram coroadas pela interpretação sempre comovente de Summertime por um intérprete de vozeirão grave e gestual afetado. Dos bares da Esquina Maldita aos do Baixo Bom Fim - passando pela Cidade Baixa, pelo Menino Deus, pela Independência e por onde mais se reunissem artistas, intelectuais, estudantes, travestis, bêbados e outras criaturas noturnas -, a figura exuberante e debochada da Nega Lu chancelava os anseios libertários e transgressores da plateia com suas performances. Se aquele homossexual negro de turbante não tinha pudor nenhum de subir na mesa ou no balcão às 4h30min para cantar o clássico do compositor americano George Gershwin como se fosse uma Janis Joplin ou uma Billie Holiday com registro de baixo profundo, tudo era possível.
Ícone da boemia alternativa da Capital, Nega Lu virou livro
"Uma Dama de Barba Malfeita" será lançado hoje, às 20h, na 61ª Feira do Livro de Porto Alegre
Roger Lerina
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