"Tamanho importa". Essa era a frase que brilhava nos cartazes do remake de Godzilla, em 1998. Mas, sem pé nem cabeça, o filme foi um fracasso retumbante. Previsto para ser lançado no ano seguinte, A Ameaça Fantasma criou um teaser poster zoando o lagartão, no qual se lia: "história importa". O primeiro capítulo da nova trilogia de Star Wars também não foi lá essas coisas, mas a lição permanece: história importa.
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Penso sobre isso enquanto jogo Star Wars Battlefront. Às vésperas do lançamento do primeiro capítulo de uma nova trilogia para a saga, O Despertar da Força, é lançado um jogo que - ironia das ironias - não possui história. O game é bonito, muito bem produzido e divertido, só que oferece apenas modalidades multiplayer. Apesar de contemplar a trilogia clássica na figura de seus personagens, veículos e cenários, não há nenhuma campanha, nenhum modo história, nada que acrescente alguma coisa ao cânone ou ao universo expandido da franquia.
Mesmo assim, o jogo tem vendido bem e recebido resenhas generosas. Será que ninguém mais liga para uma boa trama? Call of Duty - Black Ops 3, outro recém-lançado blockbuster, me diz que sim. O jogo tem batido recorde de vendas e seu modo multiplayer é sensação, mas apresenta uma das histórias mais fracas da série - basicamente uma versão futurista e aguada do poderoso enredo do primeiro título da franquia, que costurava paranoia nuclear, Guerra Fria e experimentos secretos.
Entendo que a diversão pura e simples das batalhas multiplayer é parte importante da jogatina, mas é suficiente para sustentar um jogo? Destiny me diz que não. Um dos jogos mais caros já produzidos, o misto de shooter com MMO da Bungie foi duramente criticado por não explorar o potencial dramático que seu universo propiciava. Para evitar a debandada em massa dos jogadores, a desenvolvedora investiu pesado não apenas no enredo de uma nova expansão - a vencedora O Rei dos Possuídos - mas aproveitou para aprofundar elementos já existentes.
Particularmente, ainda acredito que, a despeito de bons gráficos e mecânica inovadora, uma boa história ainda é o que separa um grande jogo de um lançamento da estação. Uma boa história envolve, motiva, engaja e, mais importante, te mantém conectado. Não se engane: história importa.
Jogatina
Gustavo Brigatti: história importa
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Gustavo Brigatti
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