Nuno Ramos já levou urubus para a Bienal de São Paulo, enfiou aviões nas copas de árvores no Museu de Arte Moderna do Rio, transportou um caminhão carregado com 27 toneladas de tijolos para o Museu da Imigração de São Paulo, encalhou caravelas banhadas em sabão em uma galeria, soterrou três casas no chão de uma exposição e instalou um globo da morte com dois motociclistas que ficavam girando para chacoalhar prateleiras repletas de objetos frágeis que se espatifavam no chão.
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Como se vê, é entre a estridência e a monumentalidade que se move a obra de um dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira. O artista paulista, entretanto, também tem uma produção em escala mais reduzida. Dedica-se à literatura (já levou dois prêmios Portugal Telecom, pelo romance Ó, em 2009, e pelo livro de poesia Junco, em 2012), compõe músicas (Mariana Aydar gravou canções dele em seu disco mais recente, Pedaço duma Asa) e tem retomado a pintura, linguagem com a qual se projetou como integrante da jovem geração de artistas dos anos 1980 (a exposição que marca esse retorno segue até domingo na Estação Pinacoteca de SP).
Em um ano cheio, que ainda incluiu o lançamento de seu novo livro, Sermões, Nuno mostra em Canoas um pouco do tanto que marca sua produção multimídia. A Casa das Artes Villa Mimosa recebe Só Lâmina, exposição itinerante promovida pelo Sesc com abertura nesta sexta-feira (13/11). Na mostra, que reúne trabalhos visuais e uma instalação sonora, Nuno enfatiza sua relação com a literatura usando trechos da obra Uma Faca Só Lâmina, de João Cabral de Melo Neto.
- Como costumo trabalhar com coisas muito grandes e difíceis de serem montadas, a proposta desta exposição era conseguir fazer algo que pudesse ser itinerante - diz Nuno. - A ideia é dar ao espectador acesso a um pouco dos vários apoios que meu trabalho tem. Acho que consegui dar conta disso sem fugir de mim.
Para o público gaúcho, é uma oportunidade de ver novamente a produção de Nuno depois da mostra Ensaio sobre a Dádiva, que ele apresentou em abril do ano passado, em Porto Alegre, quando içou, até o quarto andar da Fundação Iberê Camargo, o casco de um barco centenário que comprou de pescadores em Itapuã.
- Adoro projetos grandes, mas o fato é que muita gente não consegue ir ver. Então, exposições como essa (a que chega agora a Canoas) fazem meu trabalho acessar outros públicos - diz Nuno.
Numo Ramos - Só Lâmina
Abertura sexta-feira (13/11), às 19h30min, para convidados. Visitação de segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h às 18h; sábados e domingos, das 14h às 18h. Até 20 de dezembro. Entrada gratuita.
Casa das Artes Villa Mimosa (Avenida Guilherme Schell, 6.270), em Canoas, fone (51) 3428-5789.
A exposição: apresenta obras do artista paulista Nuno Ramos, um dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira.
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