Um dos mais populares escritores da Alemanha, Uwe Timm tem mais de 20 livros lançados e traduções em mais de 30 países. No Brasil, apenas uma pequena parte de sua obra já foi publicada, mas vem aparecendo cada vez mais nas livrarias. Depois de lançar no ano passado À Sombra do Meu Irmão (160 páginas, R$ 34,90), a editora gaúcha Dublinense coloca agora no mercado A Descoberta da Currywurst (196 páginas, R$ 36,90), sucesso no Exterior com mais 800 mil cópias vendidas.
O escritor, conhecido por romances históricos ambientados na II Guerra, estará nesta quarta-feira na Feira do Livro. Às 18h30min, no Auditório Barbosa Lessa da CCCEV (Andradas, 1.223), ele participa de um bate-papo com o paulista Bernardo Kucinski, autor de K. - Relato de uma busca, romance que aborda a ditadura militar brasileira, finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Portugal Telecom de 2012. Depois da conversa, ambos fazem sessão de autógrafos. Já nesta quinta-feira, às 19h30min, o escritor alemão participa de encontro com a jornalista Katia Suman e os professores Luís Augusto Fischer e Gerson Neumann no Instituto Goethe (Vinte e Quatro de Outubro, 112).
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A "currywurst" do título do novo livro é o nome de uma tradicional comida de rua alemã: a picante e adocicada salsicha ao curry. Curioso pra saber as origens do prato, o narrador do romance revisita Hamburgo, cidade na qual passou parte de sua infância e onde ficava a banquinha da senhora Lena Brücker, suposta inventora da combinação de sabores. Ele a encontra em um asilo e começa a ouvir suas histórias, que começam com um relato do relacionamento amoroso que teve com um soldado alemão que desertou na 2° Guerra.
- É um romance que ilustra as possibilidades do indivíduo. A senhor Brücker fez algo contra o fascismo, nada muito importante, mas ao menos fez algo. Ela escondeu um desertor. E arriscou sua vida ao fazer isso. É um modo de resistir - afirmou o escritor, em entrevista por e-mail.
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O livro anterior de Uwe Timm publicado no Brasil, À Sombra do Meu Irmão, aborda a guerra a partir de sua própria família. O livro trata de Karl-Heinz, irmão mais velho do autor, que morreu aos 19 anos, combatendo em uma divisão da SS nazista. Essencialmente narrativo e descritivo, o texto não julga diretamente as ações de Karl.
- Queria entender a curta vida do meu irmão, e também me perguntar o que eu faria no lugar dele. É uma pergunta bastante perigosa, que passo para o leitor, não de um modo que justifique o que ele fez. É o leitor que terá de julgá-lo - explicou Timm.
O autor esteve anteriormente no Brasil nos anos 1980, quando a editora Marco Zero lançou A Árvore da Serpente, e viajou pelo país a convite do Instituo Goethe - que apoia agora mais uma vez sua viagem. Ele se diz um admirador na literatura brasileira, principalmente de autores como João Ubaldo Ribeiro, Guimarães Rosa e Carlos Drummond de Andrade.
- Espero agora aprender um pouco mais sobre os escritores brasileiros mais jovens - contou Timm.