Estreia na noite desta quinta-feira, às 22h30min, a série de ficção nacional Romance Policial - Espinosa, no GNT. A obra é uma adaptação de um ícone da literatura policial brasileira, o livro Uma Janela em Copacabana de Luiz Alfredo Garcia-Roza. Com produção da Zola e direção de José Henrique Fonseca e Vicente Amorim, a ficção inédita conta, ao longo de oito episódios, a história de um delegado, interpretado por Domingos Montagner, que investiga casos de assassinatos de policiais de Copacabana.
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Embora o detetive recorrente seja uma das tradições mais antigas da literatura policial, é certo afirmar que atualmente essa instituição do gênero se ampara em dois pilares: consistência psicológica obtida com o aprofundamento a cada novo livro na psique de seu personagem e uma relação próxima e visceral do protagonista com seu ambiente - e o ambiente por excelência de um gênero nascido com a modernidade só poderia ser a cidade.
As variações do modelo vêm de toda parte: o melancólico Wallander e a desagregação do sonho socialista sueco; o rebelde Bosch, a um passo do alcoolismo em uma Los Angeles que alterna fascínio e vício; o anárquico Rebus, em uma Irlanda que ainda carrega marcas das tensões separatistas. No Brasil, talvez sua variante mais bem acabada seja o contemplativo delegado Espinosa criado por Luiz Alfredo Garcia-Roza e suas aventuras em um Rio peculiar.
Psicanalista reconhecido, Garcia-Roza estreou na ficção em 1996, com O Silêncio da Chuva, um sucesso de público e crítica que ajudou a sedimentar a literatura policial "à brasileira" - mais até do que Rubem Fonseca, muito imitado mas bem pouco igualado, inclusive por ele mesmo em seus últimos livros.
O Silêncio da Chuva estabelece já na origem as características que se tornarão marcantes em Espinosa nos nove livros seguintes - o mais recente, Um Lugar Perigoso, saiu em 2014: um delegado culto, incorruptível, ao mesmo tempo deslocado em suas relações pessoais e na estrutura policial, que olha para seus casos como janelas para a compreensão de uma fatia de humanidade maculada pelo crime. E por vezes o crime nem é tão importante, ou sua resolução se dá sem que o delegado tenha feito coisa alguma para isso. É patente também o quanto a popularidade e o fascínio de Espinosa se ancoram em uma tipologia ideal. Talvez os leitores gostem tanto dele porque, com tantas virtudes, ainda que seja um personagem falho, é uma espécie de modelo de polícia possível - embora, no Brasil, improvável.
SERVIÇO
ROMANCE POLICIAL - ESPINOSA
Série em oito episódios, inspirada no personagem do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza.
Estreia nesta quinta-feira, às 22h30min.
GNT