Batalhas no espaço ou contra zumbis e seres fantásticos, pacotes de expansão com novos mapas e aprimoramento de armas, jogadores barganhando para conseguir mais territórios e trocando farpas durante as partidas. Parece videogame, mas são os bons e velhos jogos de tabuleiro, que voltaram em uma nova encarnação: os board games.
Depois dos super-heróis, dos videogames e das comiccons, o board game é outra subcultura nerd que está saindo do seu nicho para conquistar novos seguidores - e, claro, o mercado. Se você está entre os que estão chegando agora, trata-se de jogos na linha de War e Banco Imobiliário, só que mais complexos e com mais liberdade. E, diferentemente dos RPGs, têm quantidade fixa de jogadores e partidas com começo, meio e fim e podem ser de vários tipos.
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No Exterior, sua presença é fortíssima há muito tempo, com premiações próprias para incentivar e qualificar a produção, como o alemão Spiel des Jahres, espécie de Oscar dos jogos de tabuleiro. Por aqui, a onda começou a ganhar força nos últimos anos, muito por conta da Galápagos. Unanimidade entre os adeptos, a editora fundada em 2009 é responsável por trazer alguns dos blockbusters dos board games, como Zombicide, Krosmaster e Dixit e títulos inspirados em Game of Thrones, Star Wars e O Senhor dos Anéis.
- Por volta de 2012, notamos que havia uma carência de bons board games no Brasil, e os jogos internacionais não conseguiam entrada - diz Yuri Fang, um dos donos da Galápagos. - Começamos então a lançar os que achávamos que tinham mais apelo, e o resultado foi surpreendente.
Felipe Ohlweiler, 31 anos, é a prova da demanda reprimida que havia no mercado brasileiro. Quando abriu a Beco Diagonal em fevereiro, no Viva Open Mall, em Porto Alegre, seu foco eram os videogames. Ao notar o decréscimo das vendas dos jogos digitais, migrou para os jogos analógicos. Hoje, os tabuleiros representam 80% do faturamento da loja, que abriga campeonatos como o que ocorre neste domingo, focado no board game Star Wars X-Wing.
- Os jogos não custam barato, a média é de R$ 200. Mesmo assim, tem títulos que eu nem coloco na prateleira porque saem todos na pré-venda - comenta Ohlweiler. - Já teve casos de gente gastar mais de R$ 1 mil de uma só vez.
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Logo, potencial não falta para o mercado brasileiro, como aponta Eurico Cunha Neto, game designer e um dos sócios da loja Taberna do Dragão. Com outros dois amigos, ele criou um dos maiores sucessos dos board games no Brasil, o Masmorra de Dados. Lançado no ano passado, o jogo arrecadou mais de R$ 240 mil via financiamento coletivo e está prestes a chegar ao mercado norte-americano.
- Estamos trazendo excelentes jogos gringos, temos designers de ponta e, agora, mostramos a nossa cara no Exterior. Com certeza estamos no caminho certo - define Cunha Neto.
ESPAÇO EXCLUSIVO
A popularização dos board games pode ser medida pela Lends Club, espaço dedicado aos jogos analógicos que abriu em fevereiro na Cidade Baixa. De início frequentada apenas por fãs, hoje contempla todo tipo de jogador entre seus mais de cem associados.
- Muitos chegam pela curiosidade, mas acabam gostando e voltam mais vezes - explica Julio Matos, um dos proprietários. Mas o grande barato da Lends, além de alugar e vender jogos (seu acervo é de mais de 250 títulos), é servir de catalizador para o universo dos amantes de board games. Não são raros os casos de sócios que vão apenas para jogar conversa fora ou fazer festinha.
- Na semana passada, rolou uma despedida de solteiro - conta Wyllian Hossein, outro sócio da iniciativa.
Para os interessados em conhecer esse mundo, a Lends oferece diversos planos para se associar, que podem ser conferidos no site do clube ou indo lá pessoalmente (Lopo Gonçalves, 444), de terça a domingo, das 15h às 23h.
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