Com trama despretensiosa, centrada em diálogos em detrimento da ação, sem vilões e heróis tradicionais, mas abordando temas delicados, como os novos arranjos familiares, Sete Vidas entra em sua última semana como sucesso de público e crítica. Mantendo bons índices de audiência - em Porto Alegre teve média de 23,4 pontos, acima dos três folhetins anteriores -, a novela conta a história de Miguel (Domingos Montagner), homem avesso a relacionamentos que se descobre pai de seis filhos, cinco deles frutos de uma doação de sêmen feita no passado.
O trabalho de Lícia Manzo tem recebido críticas positivas do público e dos especialistas. Em sua segunda novela como titular - a primeira foi A Vida da Gente (2011) -, a autora mexeu com temas espinhosos, como o da família de Esther, personagem homossexual vivida por Regina Duarte com filhos e netos, sem levantar bandeiras nem causar polêmicas.
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Na quinta-feira, Lícia conversou com ZH por telefone e fez uma avaliação da novela que, na próxima sexta-feira, chega ao último capítulo - que ela entregou à Globo na quarta à noite.
Trama sem heróis e vilões
"Quem precisa de herói é criança. A vida adulta não tem heróis. Tem a ver com a forma como eu vejo a vida. O meio em que convivo tem pessoas que erram e acertam. É óbvio que existem os sociopatas, mas eles são exceção. Na vida normal, as pessoas alternam lucidez com mesquinhez, sabedoria com momentos ruins. Isso tem a ver com o meu olhar para a vida, para as coisas do dia a dia."
Segredo para o sucesso
"Creditaria à alquimia de uma equipe (de roteiristas) muito afinada com elenco e direção. Todo mundo trabalhou para essa novela com muita entrega, vontade e amor. Acho que, quando o trabalho importa para você, é esperado que o público se importe e se comova também. Foi um processo bem harmônico, bem feliz."
Temor de boicotes
"Não tive essa preocupação em nenhum momento. Tento trabalhar muito sintonizada com o que acho que seja verdadeiro. Procuro sempre dar o melhor ao meu texto. Não gosto de comparações (com Babilônia, novela que passou por alterações na trama após rejeição de parte das pessoas), apenas acho que tem a ver com a recepção do público, mas não saberia analisar."
Opinião do público
"Adoro saber a opinião das pessoas. Gosto de entrar nas redes sociais e ver o que o telespectador está comentando. Fazer um trabalho encastelado, fechado em si mesmo, não tem o menor sentido. Claro que ouço o público, mas jamais me subjugaria a uma opinião com que não concorde ou que não perceba como verdadeira e relevante."
Mulheres fortes X Homens fracos
"Acho que todos os personagens são humanos, complexos, frágeis e vulneráveis. Não concordo com a crítica (do blogueiro Nilson Xavier, autor de Almanaque da Telenovela Brasileira) de que tenha faltado testosterona na trana. A Marlene (Cyria Coentro), por exemplo: como ela pode ser forte se é uma mulher subjugada a um homem abusador? A Lígia (Débora Bloch) é uma mulher que se submete a um homem que vem e vai na vida dela. A Júlia (Isabelle Drummond) se casou por uma tirania da mãe. Então, pergunto onde estão as mulheres fortes da novela? Tudo depende a que se atribui a noção de força e fraqueza."