Depois de emendar sucessos infantis, o Cuidado que Mancha vai celebrar 20 anos de estrada mirando nos pais de seus espectadores habituais. Neste sábado, o grupo estreia Como Diria Mamãe, sua segunda peça para adultos. Mas o desafio não para por aí. Em outubro, eles se voltam para um público que ainda usa fraldas: entrará em cartaz o primeiro espetáculo da trupe feito para bebês.
- É assustador chegar a 20 anos. Acaba sendo um momento de parar, refletir e fazer novos planos, criar novas perspectivas. Não queremos nos acomodar - afirma a diretora cênica Raquel Grabauska, que está à frente de Como Diria Mamãe.
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Apesar da vasta produção para crianças, o grupo não nasceu com este propósito. Quando surgiu, em 1995, o Cuidado que Mancha era exclusivamente musical e fazia canções para adultos, misturando sonoridades brasileiras e latinas. À época, os fundadores Gustavo Finkler e Jackson Zambelli gravaram um disco de mesmo nome da banda ao lado de artistas como Marcelo Delacroix, Jorge Matte e Adriana Marques. Mas, com a dificuldade de encontrar espaço na cena local, ganhou força a ideia de investir em uma área pouco explorada, a de música para crianças.
- Foi um estalo que me deu junto com a vontade de tentar se aventurar por uma área que quase não existia no Rio Grande do Sul na época. Começamos com um trabalho de formiguinha - lembra o diretor musical do Cuidado que Mancha, Gustavo Finkler.
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Com a entrada da atriz e diretora Raquel Grabauska, o grupo ganhou um cunho mais teatral e, no fim da década de 1990, nasceu um de seus principais trabalhos: A Mulher Gigante.
- A qualidade desse primeiro espetáculo e a aceitação do público fez com que brotasse naturalmente nossa caminhada nessa área. Não foi uma escolha, mas uma consequência - conta Raquel.
A partir daí, o grupo seguiu principalmente com montagens para as crianças, como O Natal de Natanael, A Família Sujo e Maria Teresa e o Javali. Musicalidade, sonoplastia e fragmentos do radioteatro permeiam todo o repertório.
- Os temas são voltados para o universo infantil, mas, musicalmente, é como se fosse para adulto. Tem estrutura e melodia, com técnica. Acho que isso chamou a atenção do público - ressalta Finkler.
Para Mário de Ballentti, idealizador da Caixa do Elefante - companhia reconhecida pela atuação na área infantil -, o Cuidado que Mancha recuperou a poesia na produção cultural para as crianças de forma pioneira:
- Eles conseguiram fugir da música comercial produzida para as crianças, no estilo Xuxa, óbvia e pegajosa, e se transformaram em um dos principais grupos do Sul nessa proposta.
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Destaques da carreira
Primeiro espetáculo do Cuidado que Mancha, A Mulher Gigante é um dos principais destaques do repertório do grupo. O musical infantil é baseado nas 12 canções do disco assinado por Gustavo Finkler e Jackson Zambelli. No palco, os artistas da companhia tocam as músicas e interpretam personagens citados nas faixas - há a participação de bonecos, como a própria Mulher Gigante, com mais de três metros de altura. Em 2002, a companhia estreou outra peça que viraria um clássico do currículo, A Família Sujo. Adaptação do livro de Gustavo Finkler, essa foi a primeira produção de radioteatro para crianças. O tema central é uma família que não se esforça na limpeza e acaba perdendo a filha em meio à sujeira.
Além dos palcos
O Cuidado que Mancha não é apenas um grupo teatral, mas, sim, uma companhia de música, teatro e literatura. Por isso, muitas das peças não se restringem ao palco: são inspiradas em livros e discos ou acabam ganhando versões nesses formatos. Em outubro, eles devem estrear a sua primeira montagem para bebês, baseada no livro e disco Cuidado que Ronca, lançado no ano passado. Outras produções que podem ser acompanhadas fora dos teatros são A Mulher Gigante, A Família Sujo, O Natal de Natanael e Maria Teresa e o Javali - esta última terá sessões na Capital nos dias 31 de julho e 1º de agosto, às 16h, no Solar do IAB, com entrada franca. Ao todo, o grupo já lançou sete títulos (a maioria pela editora Projeto), além de discos e DVD.
Nova peça para adultos
O Cuidado que Mancha estreia neste sábado sua segunda peça para adultos: Como Diria Mamãe. Escrito e dirigido por Raquel Grabauska, o espetáculo mostra em cena três irmãs e seus cônjuges, que se encontram para ler o testamento da mãe e jantar em família. Para a diretora, a comédia aborda, principalmente, questões de ganância e ambição:
- É nosso espetáculo de maioridade. Estamos há dois anos pesquisando e fazendo alterações e, agora, chegou no ponto que eu quero. Essa é a grande montagem que marca os 20 anos.
As sessões ocorrem diariamente até 5 de agosto, sempre às 19h30min, no Solar do IAB/RS (General Canabarro, 363), com ingressos a R$ 10. Os bilhetes podem ser adquiridos no local sempre uma hora antes do início do espetáculo.