Quando a cabeça de Ned Stark rola, para o delírio do precoce e sanguinário rei Joffrey, no final da primeira temporada de Game of Thrones, você tem duas opções: revoltar-se e desligar a TV ou aceitar e entender que nem sempre a verdade e a justiça - marcas da família Stark - são as melhores estratégias para sobreviver no mundo atemporal da política.
O sucesso da série, que chegou ao fim da quinta temporada no último domingo e deixou milhões de órfãos até 2016, não se deve somente às viradas inesperadas de roteiro e às cenas de sexo, violência, traição e fantasia. Por mais que não curta dragões, histórias de mortos que renascem e batalhas medievais, você provavelmente ficará viciado em Game of Thrones ao ter seus mais íntimos sentimentos tocados e revirados por personagens que representam tudo aquilo que há de melhor e pior no ser humano.
Na série da HBO, assim como na vida real, desde que o homem é homem só há um objetivo, seja ele considerado nobre ou não: o poder. Para alcançá-lo, cada família usa estratégias que deixariam os antigos conquistadores constrangidos. É comum em Game of Thrones a vingança e a violência vencerem a justiça - e não é assim quase sempre na História?
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A trama começa com a morte do rei Robert Baratheon, governante que tomou o trono com a espada. Inspirado na Guerra das Rosas, uma sequência de lutas dinásticas pelo comando da Inglaterra, ocorridas ao longo de 30 anos - entre 1455 e 1485 -, o criador da série, George R. R. Martin, coloca o espectador em um universo extremamente atual, embora permeado de paisagens surreais, como a imensa muralha de gelo que separa Westeros do resto do mundo.
Dentro dos limites que levam à capital Kings Landing, a corrupção e a política derrubam heróis e vilões, bastardos e príncipes. Sobrevivem os sagazes e apenas eles. Todos os demais são as próximas vítimas em potencial, e é melhor você não se apegar a nenhum personagem.
Martin faz um grande trabalho sobre a psicologia e os desejos do ser humano em Game of Thrones, e, ao contrário dos contos de fadas, poucos vivem felizes para sempre. Nada mais real, pois, como dizem os Stark, "o inverno está chegando", e todos os homens precisam morrer.
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