Patrono dos animais e da ecologia, inspirador do nome do papa, exemplo de despojamento e de dedicação aos pobres. Com esse "currículo", São Francisco de Assis ganha homenagem na exposição Entre o Sol e a Lua: Traduções Iconográficas Franciscanas, que abre oficialmente nesta sexta-feira, às 18h30min, no Museu dos Capuchinhos (MusCap), em Caxias do Sul.
Na mostra, pinturas e estatuário do acervo histórico do MusCap e coleções convivem com obras de artistas locais, que dialogam com a iconografia franciscana por meio de diferentes linguagens: desenho, pintura, escultura, gravura, fotografia e vídeo. Ao todo, são 17 obras do acervo, 14 esculturas pertencentes ao frei capuchino Moacir Molon e 27 trabalhos de artistas locais - 10 convidados e outros que já tinham produções no museu.
O frei e artista plástico Celso Bordignon, diretor do MusCap, credita a popularidade do santo italiano ao fato de ele ser simpático, conhecido pela simplicidade e pelo amor à natureza.
- Hoje é bastante acentuada essa questão de ecologia, de amor e cuidado com a natureza, não só os animais, mas também a terra, o ar, a água. E São Francisco tinha esse cuidado, na sua visão todas as criaturas são irmãs. No Cântico das Criaturas, um de seus escritos, ele fala em "irmão sol", "irmã lua", "irmão vento", "irmã água", "mãe terra", e até mesmo "irmã morte" - lembra.
Na exposição, os visitantes poderão conferir desde aquarelas até pinturas a caneta, com representações diversas de São Francisco e Santa Clara. Numa das obras, por exemplo, o santo aparece se despindo de suas vestes para marcar a conversão - fato real, segundo Bordignon. Noutra, está com o lobo de Gúbio, na representação de uma das lendas que o cercam. Falando em lendas, uma curiosidade é que a Oração da Paz, normalmente atribuída a São Francisco, surgiu na verdade séculos depois, escrita por um autor desconhecido.
Mitos à parte, o santo é um exemplo nos dias atuais, na avaliação do frei Luiz Carlos Susin, doutor em Teologia e professor de teologia na PUC/RS:
- Ele é inspirador da necessidade de incorpoar a ecologia à espiritualidade. Outro aspecto é que ele só só conseguiu ser irmão de todas as coisas e criaturas porque viveu o desapego, o despojamento. São Francisco nos inspira a esquecer um pouco o dinheiro a todo custo e a pensar mais na solidariedade e na fraternidade - diz.
Os artistas convidados são Antonio Giacomin (aquarela), Beatriz Balen Susin (pintura), Bruno Leonardelli (foto), frei Celso Bordignon (aquarela), Celso Tissot (foto), Charles Segat (ilustração), Janete Kriger e Lissandro Stallivieri (vídeo e fotografia), Rafael Dambros (desenho a caneta) e Vivi Pasqual (pintura e caderno de desenho com a história do santo). Também participam, com obras que já eram do acervo do Muscap, Breno Nora (in memorian - escultura), Leonor Aguzzoli (pintura encáustica), Rita Brugger (aquarela), Rogério Baierle (escultura) e frei Jerônimo Bormida (linoleogravuras).
Com curadoria de Silvana Boone, a mostra segue até setembro e pode ser visitada de segunda a sexta, das 8h às 11h e das 13h30min às 17h. A entrada é franca. Grupos e horários especiais podem ser agendados pelo fone (54) 3220.9565 ou pelo e-mail educativo@muscap.org.br.
Fé e arte
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Iconografia sobre São Francisco de Assis pode ser visitada até setembro
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