Na última cena do penúltimo episódio de Mad Men, Don Draper está, literalmente, sentado à beira do caminho. Com um sorriso naqueles lábios impecáveis que passaram boa parte da história ocupados com cigarros, copos de uísque e bocas de mulheres maravilhosas, Don parece feliz e aliviado. Como alguém que se livrou de um peso e saboreia a sensação de estar livre para decidir os próximos passos. Mas nós, espectadores, sabemos de algo que Don ainda não sabe, e as possibilidades que se abrem diante dele são, na verdade, apenas duas: seguir em frente ou voltar para casa.
Sexo, drogas e publicidade: conheça as referências de Mad Men
No episódio final da série, que vai ao ar nesta segunda-feira (18/5) no Brasil (HBO, 21h), um dia depois dos EUA, vamos descobrir que rota Don escolheu. Seja qual for o destino traçado por Matthew Weiner para seu anti-herói, vamos nos despedir do personagem, depois de oito anos, sabendo que a jornada valeu a pena. Mad Men nunca teve tramas superencadeadas, como Breaking Bad, diálogos cerebrais, como House of Cards, ou ganchos de suspense irresistíveis, como Lost - para citar algumas das mais bem-sucedidas séries da chamada era de ouro da TV americana. O que vai garantir um lugar para Mad Men no rol das mais cultuadas séries da década é o mais impalpável de todos os atributos: o clima. A mistura perfeita entre reconstituição de época, glamour, nostalgia e crítica a um mundo de homens brancos superpoderosos que começou a ruir exatamente nos anos 1960.
Em entrevistas, Matthew Weiner tem dito que o final da série será "a conclusão natural da história". Na internet, porém, multiplicam-se teorias mirabolantes. Don seria, na verdade, D.B. Cooper, um homem que sequestrou um boeing em 1971, saltou de paraquedas e sumiu. Ou: Don volta para a agência McCann Erickson e cria a campanha It's the Real Thing para a Coca-Cola - a mais icônica peça publicitária dos anos 1970. E a mais antiga de todas: Don é o sujeito caindo da janela nos créditos iniciais. Nada disso, porém, parece atender a um dos eixos centrais de Mad Men: retratar homens, mulheres, jovens e crianças dos anos 1960, colocando em evidência as diferenças em relação ao modo de vida que temos nos dias de hoje.
Os "Don Drapers" da vida real, homens que iam trabalhar de terno, cheirando a loção de barbear e seguros a respeito do seu papel como chefes de família, foram substituídos por rapazes que esticam a juventude ao máximo, dividem todas as contas com as namoradas e nem sequer fazem a barba. Muita coisa mudou, mas uma das mudanças mais evidentes (e bem-vindas) é a aproximação dos pais do cotidiano dos filhos.
Don Draper assumindo seriamente a criação de Sally, Bobby e Eugene não seria exatamente um desfecho épico, mas seria um bonito final.
Mad Men
Exibição do episódio final da sétima e última temporada. Segunda-feira (18/5), às 21h, no canal HBO.