Depois de combaterem seres sobrenaturais, viajarem pelo hiperespaço, investigarem crimes, descerem o braço em disputas de artes marciais e até matarem dragões, agora as mulheres poderão fazer algo incomum nos videogames: jogar futebol.
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Previsto para setembro deste ano, Fifa 16 será o primeiro título da série a ter times femininos. Serão 12 seleções nacionais, de países como EUA, Austrália, Alemanha, França, Suécia e, claro, o Brasil. Pelo trailer lançado esta semana no canal oficial do jogo no YouTube, o trabalho foi o mesmo dedicado tradicionalmente aos times masculinos, com captação de imagem e movimento das atletas em laboratório para conseguir o máximo de fidelidade.
Confira:
A notícia repercutiu dentro e fora da imprensa especializada em videogames, principalmente por se tratar de uma das maiores, mais antigas e lucrativas franquias de entretenimento eletrônico do mundo. Com 22 anos de atividade e dezenas de títulos nas mais variadas plataformas, os games oficiais da Fifa ultrapassam fácil a barreira dos milhões a cada lançamento. Mesmo chegando ao mercado em setembro de 2014, sua última edição, Fifa 15, que traz estampado o craque Lionel Messi na capa, ficou entre os cinco jogos mais vendidos do ano passado, computando mais de cinco milhões de unidades vendidas.
Para continuar em evidência, nada mais natural, portanto, do que atender à constante equalização de gêneros entre os jogadores de videogame. Nos EUA, as mulheres representam quase 45% dos gamers, enquanto, no Brasil, essa porcentagem está em cerca de 40% - número suficiente para não apenas fazer a maior franquia do esporte mais popular do mundo tornar-se mais inclusiva, mas também tirar outras desenvolvedoras do clube do bolinha.
Em meados do ano passado, por exemplo, a Ubisoft enfrentou uma das maiores saias-justas de sua história ao anunciar que não haveria mulheres no modo cooperativo de Assassin's Creed Unity porque daria trabalho demais. A partir dessa repercussão, sem pestanejar, a empresa incluiu uma protagonista feminina, Evie Frye, no próximo episódio da série, Syndicate.
- Sem dúvida, a intenção é agradar a uma fatia de público cada vez mais interessada em videogame - diz Pablo Miyazawa, editor-chefe do portal IGN Brasil.- Mas vai funcionar mais entre as meninas que já jogam games de futebol, não acredito que isso irá atrair um novo público.
Jogadora da série Fifa desde criança, a consultora Tânia Ximenes, 23, comemorou a novidade. Para ela, é importante que uma mulher possa se sentir representada em uma franquia tão grande.
- Não tenho nada contra jogar com jogadores homens, porque foi o que fiz desde sempre, mas sem dúvida vai ser legal controlar a (jogadora americana) Alex Morgan e (jogadora brasileira) Marta - diz. - E na verdade nem se trata de ser homem ou mulher, mas de poder escolher.
Miyazawa concorda:
- A inclusão de jogadoras não irá afastar o público tradicional. Claro que esse tipo de notícia atrai polêmica, mas é uma bobagem reclamar disso. O que teremos é opção, só isso.
Boleira dentro e fora das telinhas, a estudante de Design Visual Luiza Diniz, 19 anos, afirma que há um tempo reclamava da falta de representatividade nos jogos de futebol e acredita que incentivará outras meninas a praticar o esporte.
- Acho que isso é importantíssimo para o crescimento do esporte e também um jeito de pelo menos diminuir um pouco o preconceito com mulheres que jogam futebol. Preconceito que eu sofro desde criança, quando me diziam que futebol era coisa de menino.
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Gustavo Brigatti
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