Poucos dias após o cancelamento da Jornada Literária de Passo Fundo ser oficializado, escritores se reuniram em duas iniciativas que almejam fortalecer o evento e, quem sabe, fazer com que ele aconteça ainda este ano. Nesta segunda, Fabricio Carpinejar e Mario Corso botaram no ar uma vaquinha que tem como meta arrecadar R$ 405 mil em 45 dias e assim fazer a Jornada acontecer. No último sábado, um grupo de autores que inclui Milton Hatoum, Frei Betto, Marçal Aquino e Ignacio de Loyola Brandão, entre outros, havia divulgado carta aberta "em defesa do livro e da leitura".
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- Cansamos de assistir ao obituário cultural de braços cruzados. Não admitimos que a Jornada tenha esse fim e vamos romper com essa inércia. Nesta segunda, informamos a organização sobre a nossa iniciativa. Pelo que eu entendi, eles ficaram pasmos, mas felizes - conta Carpinejar.
Em princípio, os R$ 400 mil seriam o mínimo necessário para que a Jornada de Passo Fundo acontecesse - os R$ 5 mil restantes seriam o valor cobrado pelo site de crowdfunding para que a campanha seja hospedada. Tudo isso no exíguo prazo de 45 dias. Uma campanha "quixotesca", nas palavras de Mario Corso.
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- Talvez, por ser quixotesca, é capaz de dar certo. Eu e o Carpinejar conversamos no sábado, o sentimento era de indignação, e resolvemos que era hora de parar de se queixar e fazer alguma coisa. Se a gente não conseguir, azar, mas queremos fazer barulho - avalia o psicólogo e escritor.
Com o título de "Agora é a nossa vez de fazer pela Jornada o que ela fez por nós", a vaquinha está hospedada no site Juntos, com vídeo e texto publicados pelos dois autores. Na publicação, eles destacam a importância do festival para a criação de leitores em Passo Fundo e finalizam: "Quem não viu precisa ver, não pode morrer sem ver, não podemos abolir a chance de quem não conhece."
21 autores assinam carta-aberta para defender a Jornada
Dois dias antes, um conjunto de autores produziu uma carta-aberta aos escritores "e demais defensores do livro e da leitura". No texto, assinado por 21 escritores brasileiros, o evento é chamado de "patrimônio humano da nossa cultura". São citados o fato de Passo Fundo ser a cidade com maior índice de leitura do país e a importância da discussão das obras nas escolas, feita muito tempo antes de a Jornada começar, de fato.
Os autores finalizam o texto dizendo que não entendem "como um evento da grandeza e da importância das Jornadas Literárias é esquecido, por instituições e patrocinadores" e que, "com essa atitude negligente (...), perdemos todos nós, que sonhamos com um Brasil consciente do seu valor e da sua cultura."