Para o sociólogo Fernando Perlatto, a tendência do passinho é se expandir.
Naldo Benny
Ludmilla
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O fenômeno mistura funk com frevo e samba, fala tanto de dilemas sociais quanto de Instagram, inspira desde pesquisas acadêmicas a ensaios de moda em revistas descoladas, tem adesão de gente famosa e milhões de visualizações no YouTube. Pode parecer muita coisa, mas, para o Dream Team do Passinho, é só - com o perdão do trocadilho - um passinho.
Formado em 2013 no Rio de Janeiro, o grupo é um daqueles fenômenos que nascem em um nicho, ganham força e visibilidade na internet e acabam sendo cooptados pelo mainstream e embalados para consumo de massa. Aconteceu com Anitta, Naldo e Ludmilla, e acontece agora com o quinteto, que assinou com a Sony para lançar o disco de estreia, Aperte o Play.
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Sua história, no entanto, remete a algo maior e mais antigo. O Dream Team do Passinho é um dos expoentes de um movimento que há mais de uma década é mania nos bailes cariocas: o passinho. O nascimento dessa expressão não tem data, mas ganhou notoriedade em 2008, quando um vídeo viralizou na internet e chamou a atenção de muita gente - entre eles o cineasta e pesquisador Emílio Domingos.
Fascinado pela cultura do passinho, ele produziu o documentário A Batalha do Passinho (2012), filme inspirado pelas disputas entre dançarinos nos bailes e que joga luz sobre esse universo.
- O passinho só podia ter nascido num ambiente democrático como é o baile funk - comenta Domingos. - Mas a relação entre os dançarinos e o passinho vai além dos bailes, é de segunda a segunda.
Não demorou para que mais gente se interessasse pelo movimento - como uma marca de refrigerante, que reuniu dançarinos de passinho para estrelar uma propaganda, no final de 2013. Desse grupo saiu o Dream Team do Passinho.
- Foi tudo muito rápido. Quando a gente viu, estava tocando no Réveillon de Copacabana - diz Breguete, um dos integrantes do DTP. - E semana passada nos apresentamos no Circo Voador. Dá para acreditar?
Dá, sim. Em menos de dois anos, o grupo virou presença obrigatória na TV, é hit nas rádios do Rio, gravou clipe com Ricky Martin e estrelou um ensaio de moda para a revista Elle.
Mais artistas têm levando o passinho a territórios improváveis. Outro dançarino identificado com o fenômeno, Fezinho Patatyy participou do videoclipe de Mais Ninguém, da Banda do Mar, fazendo até Marcelo Camello e Mallu Magalhães arriscarem alguns movimentos.
- Não resta dúvida de que essa expansão é necessária, inclusive para o reconhecimento de outros segmentos da sociedade da riqueza e diversidade dessa manifestação cultural - diz. - Porém, é importante que, ainda que participando e se incorporando à indústria cultural já institucionalizada, os praticantes do passinho não acabem envolvidos em um movimento de padronização, uniformização e mercantilização, característico da indústria cultural mainstream.
O FUNK SAI DO GUETO
Anitta
Surgiu em 2010 cantando em bailes funk da companhia Furacão 2000. Cinco anos e dois discos depois, é uma das artistas mais bem-sucedidas do cenário musical brasileiro, das poucas a fazer frente ao sertanejo nas rádios.
O cantor e dançarino já tinha um longo currículo no circuito de bailes quando, em 2008, lançou seu primeiro disco, Na Veia. Impulsionado pelos hits Amor de Chocolate e Se Joga, ganhou as paradas de sucesso em 2011 e não saiu mais de lá.
Valesca Popozuda
Um dos maiores símbolos do funk carioca, ganhou notoriedade em 2014 com o clipe da música Beijinho no Ombro. De lá pra cá, protagonizou ensaios de moda em revistas importantes, virou ícone feminista e figurinha fácil em programas de TV.
Começou fazendo sucesso no YouTube, com a música Fala Mal de Mim, em 2012. No ano passado, lançou seu primeiro disco e emplacou música em novela (Hoje, em Império). Já planeja shows internacionais.