É com sangue, suor e pernas mal depiladas que as mulheres criadas por Chiquinha conquistam leitores na internet e, a partir de agora, também nas livrarias. Depois de ganharem vida para ilustrar o portal Uol Mulher, as personagens foram parar nas páginas do segundo livro da autora, Algumas Mulheres do Mundo (Mórula Editorial, 192 páginas, R$ 40), que apresenta a intimidade feminina com muito humor e conhecimento de causa.
Conheça o trabalho de mais cartunistas gaúchas
Um dos grandes destaques da nova geração de cartunistas do Estado, que conta também com nomes como Mauren Veras e Samanta Flôor, Chiquinha está radicada no Rio há cerca de um ano e meio, mas volta a Porto Alegre para autografar o novo livro nesta quinta-feira, às 19h, na Palavraria (Vasco da Gama, 165).
Não é por algum fetiche extravagante que os mais de 200 cartuns do livro tratam de temas como depilação, sexo e período menstrual de modo explícito. As situações não têm nada de glamour, mas são capazes de fazer o leitor questionar padrões de beleza e etiqueta - além de serem cheias de calor humano e graça.
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- Gosto de desenhar gente suando e com pelo no sovaco, não aquele tipo de mulher idealizada. É um modo de contrariar a delicadeza e a fofura da cultura feminina, que são demonstrações de um machismo arraigado nas pessoas - explica a autora.
A porto-alegrense Fabiane Bento Langona, 30 anos, recebeu o apelido de Chiquinha na adolescência por ser uma das poucas meninas do seu grupo de amigos, tal como a personagem do seriado Chaves. Há 10 anos, quando iniciou a carreira de cartunista, passou a assinar com o apelido seus desenhos, que já foram publicados em alguns dos principais jornais, revistas e sites do país.
A estreia no mercado editorial se deu com o livro Uma Patada com Carinho (2011), em que uma elefoa cor-de-rosa vive dilemas femininos. Atualmente, seus trabalhos podem ser vistos periodicamente na Folha de S. Paulo e no Uol Notícias.
- O trabalho de Chiquinha evoluiu de forma notável, em desenho e temática. Ela já faz parte do time dos grandes cartunistas do Brasil - avalia o quadrinista Adão Iturrusgarai, 50 anos, criador de personagens como Aline, menina que tem dois namorados, e Rocky & Hudson, dupla de caubóis gays.
Admiradora do trabalho de Adão e de cartunistas brasileiros dos anos 1970 e 1980, Chiquinha busca se aliar ao estilo de humor contestador como o da revista francesa Charlie Hebdo, palco de um ataque terrorista em janeiro.
- Fiquei muito mal nos dias seguintes ao atentado, porque aquela era minha gente. Humor é para bater - diz Chiquinha.