Servi ao exército brasileiro, contra a minha vontade, por dez meses e vinte e nove dias. Contei cada um dos dias. Apesar de estar na universidade, servi na tropa. Limpava banheiros, pagava contas dos oficiais e engraxava meus coturnos de dia; estudava jornalismo à noite. Entrei como recruta - uma condição existencial só um pouco superior à de um cacho de bananas - e saí como soldado reservista de primeira categoria. Robert Heinlein, que foi soldado dos EUA durante a Segunda Guerra, defendia que apenas os cidadãos que serviram à pátria deveriam ter direito de voto. Aqui no Brasil foi um pouco diferente: como era soldado, fui impedido de votar em 1978. Estava muito ocupado limpando banheiros.
Coluna
Carlos Gerbase: "O Brasil deve dissolver imediatamente qualquer coisa parecida com um exército amador"
O colunista escreve quinzenalmente no 2º Caderno