André Midani foi o poderoso chefão da música brasileira, um dos responsáveis pela projeção das carreiras de sucesso de artistas do peso de Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, Jorge Ben (ainda sem o Jor), Maria Bethânia e Ney Matogrosso. Não bastasse isso, é um dos responsáveis pela transformação do mercado fonográfico em uma indústria musical no país.
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Essa história, que já foi contada em uma autobiografia que acaba de ser reeditada com dois capítulos inéditos, agora é tema de uma série de cinco episódios que estreia nesta terça-feira no GNT. Com direção de Andrucha Waddington e Mini Kerti, André Midani - Do Vinil ao Download retrata a trajetória do homem que foi um dos mais respeitados executivos das gravadoras. É uma história e tanto, recheada de aventuras e descobertas, que começa quando o jovem André, filho de mãe judia e pai árabe, deixou a França para não lutar na guerra da Argélia e foi parar no Rio de Janeiro, onde logo conheceu a turma da bossa nova.
Nos 50 anos seguintes, à frente de gravadoras como Odeon, Phonogram e Warner, Midani acompanharia o fenômeno dos festivais, a consolidação da MPB e a explosão do rock brasileiro como um dos principais artífices dos bastidores.
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- Quando o livro saiu, em 2008, a Mini me provocou dizendo que devia fazer um filme de ficção sobre o André. E ficamos com essa ideia. Aí, retomamos o projeto como um documentário narrando a história dele em paralelo à história da música brasileira, dos anos 1950 aos 90. No fim, foi até os dias de hoje, dando conta do download e da música digital - diz Andrucha.
Conversas com shows na sala
Para narrar a história de Midani, a série foge do caráter documental jornalístico. Em lugar de entrevistas e depoimentos, os diretores resolveram buscar um clima informal de encontros, organizando reuniões na casa de Midani com artistas com quem ele trabalhou. Há conversas e também alguns números musicais improvisados e acústicos.
- Organizamos esses encontros por épocas, para que as conversas fossem sobre períodos em específico. O roteiro era isso - conta Mini.
- Tudo se passa na casa dele. E os encontros harmonicamente elevaram o papo ao assunto em comum do grupo reunido. Isso fez com que as conversas criassem uma linha narrativa consistente, indo de João Gilberto ao rock - conta Andrucha.
Assim, a série retrata Midani não como um executivo focado em números e estratégias de marketing, mas que se envolvia também emocional e pessoalmente com a criatividade de seus artistas.
- O André diz que não gostava só da música, gostava dos artistas. Ele é o primeiro executivo da indústria que fica amigo, que tem relação com os artistas. Não é só voltado para a empresa. Por isso, acho que a gente tem muito o que aprender - diz Mini.
- O André é uma figura mítica na indústria fonográfica, uma lenda viva. Quem não é desse ambiente não sabe o que está por trás e o que o André fez para projetar e manter esses talentos nas gravadoras. Ele teve um papel muito importante na música brasileira no sentido de respeitar e valorizar o talento. E isso fez com que ele fosse um mago da indústria - finaliza Andrucha.
Do Vinil ao Download
Programa de TV
-Estreia nesta terça-feira, às 23h, no GNT.
-Episódios inéditos nas terças-feiras, às 23h, até 7 de abril.
-Após a exibição, os episódios estarão disponíveis para assinantes de TV fechada pelo GNT Play (gntplay.com.br).
Os episódios
-Vinil - Anos 1950 e 60 - A infância, a juventude, a chegada ao Brasil e o encontro de Midani com a Bossa Nova.
-Anos de Chumbo - A ditadura, a era dos famosos festivais, o surgimento do tropicalismo e o exílio de artistas.
-Era de Ouro - Anos 1970 - Consolidação da MPB, discos antológicos e a diversificação do cenário musical.
-BrRock - A explosão do rock nacional acompanhando a abertura e a redemocratização nos anos 1980.
-Download - A indústria fonográfica e a transformação do mercado com a chegada da era digital.
Livro
-Reedição de André Midani - Do Vinil ao Download, Nova Fronteira, 384 páginas, R$ 39,90 (em média).