A Inglaterra já foi um pouco, ou muito, de tudo. Foi invadida por romanos, vikings e finalmente pelos normandos, há mil anos, quando parou de ser invadida e começou a invadir. Pois nessa Era da Nova TV que vivemos, a Inglaterra brilha firme, como estrela de primeira grandeza em um céu dominado pelas estrelas de Hollywood. Se, no cinema, o mundo ainda para ver a brincadeirinha que é o Oscar, na TV, as produções inglesas começam, cada vez mais, a mostrar quem têm café no bule. Chá, no caso.
A mais recente delas é a esplêndida Wolf Hall, a adaptação para o display de LED dos romances históricos de Hilary Mantel, vencedora de dois Man Booker Prizes com os livros da trilogia que criou sobre a vida de Henrique VIII, aquele das muitas esposas. Os livros centram a narrativa na enigmática figura de Thomas Cromwell, um filho de ferreiro que chegou ao posto de Chanceler na Inglaterra dos Tudor, uma façanha e tanto.
Wolf Hall, a série, é uma maravilha da nova televisão. A atuação de Mark Rylance como Cromwell é de deixar a gente querendo ser inglês. Damien Lewis, o sargento Brody de Homeland, faz um Henrique VIII assustador o bastante para se parecer com o original, imaginamos. As cenas internas e noturnas são filmadas à luz de velas, como um novo Barry Lyndon (1975), o que deixa tudo lindo demais, mesmo que um tanto obscuro.
O que sabemos de Henrique VIII diz muito pouco do drama real de um rei sem filhos homens em uma época em que isso era um problema e tanto. A Inglaterra, ainda católica, estava navegando nas águas turbulentas da Reforma Protestante, e os tempos eram difíceis, para se dizer o sub-mínimo. Cromwell faz o impossível para manter o pescoço intacto, em uma era de muitos machados, por todos os lados.
"Downton Abbey" chega com sua quinta temporada ao GNT
Três dicas de séries para assistir enquanto "Game of Thrones" não retorna
Netflix divulga trailer da terceira temporada de 'House of cards'
Confira dicas de três séries zumbis
Séries originais do Netflix que prometem
Hilary Mantel deve lançar o terceiro livro da trilogia neste ano, o que faz de mim um sujeito feliz, já tendo lido Wolf Hall e Bring Up the Bodies. Wolf Hall é a demonstração pura e simples da riqueza de se narrar a história, quando se tem uma e se compreende a importância dela. No Brasil, teríamos muito a pensar e falar sobre a nossa rica história. Mas nos falta uma Hilary Mantel, e nos falta uma BBC. Azar nosso, sorte deles.
Leia mais notícias de entretenimento