Vem da Grécia, um dos países de cinematografia mais interessante nos últimos anos, um filme duro e extremamente denso que se destaca entre os títulos em cartaz na Capital: Miss Violence, longa do jovem diretor Alexandros Avranas que causou grande impacto no Festival de Veneza de 2013, de onde saiu com os Leões de Prata de melhor direção e ator (para Themis Panou).
Em cartaz desde quinta-feira no CineBancários, o longa narra a história de uma família tão disfuncional quanto a que se viu em Dente Canino (sim, isso é possível), filme de Yorgos Lanthimos lançado em 2009 que é o maior expoente da produção grega deste século. Miss Violence já começa pesado: enquanto o clã festeja os 11 anos de uma filha ao som de Dance me to the End of Love, de Leonard Cohen, a aniversariante pula da sacada. Suicídio? Sem dúvida. Mas por quê?
Aos poucos, vamos entendendo o que se passa. O maior mérito de Avranas é construir uma narrativa seca, que entrega informações importantes de maneira sutil, incluindo as mais chocantes - são várias, e explicam inclusive o porquê de a família ser formada por apenas um homem e duas mulheres, além dos filhos.
O próprio final é dúbio, embora cheio de sugestões do que teria acontecido. No fundo, parece ressaltar o cineasta, trata-se de uma grande alegoria sobre as falsas aparências - quem olha de fora, como os investigadores e os professores daquelas crianças, não faz ideia do horror a que elas são submetidas.
É preciso ter estômago para assisti-lo, mas Miss Violence faz a descida ao inferno valer a pena.
Miss Violence
De Alexandros Avranas
Drama, Grécia, 2013, 98min.
Em cartaz nas sessões das 15h, 17h e 19h, no CineBancários, em Porto Alegre.
Cotação: ótimo.