CAMINHOS DA FLORESTA
De Rob Marshall
Musical, EUA, 2014, 124 minutos, 12 anos.
Estreia quinta-feira nos cinemas.
Cotação: regular.
Caminhando e cantando e seguindo a trilha da aventura mata adentro, diferentes personagens dos contos de fada se encontram em Caminhos da Floresta, musical em cartaz a partir de quinta-feira nos cinemas. Adaptação de um sucesso que estreou na Broadway em 1987, o filme concorre a três Oscar: melhor atriz coadjuvante, com Meryl Streep em sua 19ª indicação, figurino e design de produção.
Quem dirige Caminhos da Floresta é Rob Marshall, realizador entusiasta da preservação dos musicais na pauta de interesses de Hollywood e que já viveu altos (com o oscarizado Chicago) e baixos (com o fracassado Nine) no gênero.
A proposta do espetáculo original, concebido por Stephen Sondheim e James Lapine (roteirista do longa), foi promover a releitura das fábulas clássicas devolvendo a elas elementos sombrios consagrados por autores como os Irmãos Grimm, mas que foram edulcorados com o tempo, sobretudo nos desenhos animados da Disney. Sondheim e Lapine também tiveram como referência em Caminhos da Floresta o aclamado livro Psicanálise dos Contos de Fadas (1976), de Bruno Bettelheim.
Na trama, Meryl vive uma bruxa que deseja desfazer o feitiço que lhe tirou a beleza e a juventude. Para isso, precisa reunir numa poção os seguintes ingredientes: o capuz de Chapeuzinho Vermelho, o sapatinho de Cinderela, as tranças de Rapunzel e a vaca que o menino João troca por feijões mágicos.
Quem terá de sair à cata desses elementos são um padeiro (James Corden) e sua mulher (Emily Blunt), amaldiçoados pela feiticeira a não terem filhos - porque o pai do homem foi o responsável pela desgraça da bruxa no passado. E assim, motivado por essa missão que pode desfazer a maldição da infertilidade, o casal vai à floresta e lá cruza com Chapeuzinho Vermelho (Lilla Crawford), Cinderela (Anna Kendrick), Rapunzel (Mackenzie Mauzy) e João (Daniel Huttlestone), cada qual envolvido com sua turma: Lobo Mau (Johnny Depp), Vovozinha, madrastas e irmãs más, príncipes, gigantes etc.
A narração no tom de "era uma vez..." amarra a fabular salada de tipos, interpretados com eficiência por nomes conhecidos e outros nem tanto. Mas o ritmo arrastado e, sobretudo, a falta de canções empolgantes comprometem a tentativa de Marshall de colocar os musicais outra vez em destaque na temporada de premiações - a presença de Meryl, sem dúvida, reforça a badalação em torno de Caminhos da Floresta, assim como o fato de, nos EUA, a peça ser popular em montagens escolares.
Um aspecto positivo do filme é a preservação das subversões lançadas pela peça no universo dos contos de fadas citados. Situações como desvios de caráter, castigos físicos cruéis ilustrativos das lições de moral, adultério e morte pontuam a narrativa. Com esse, digamos, providencial choque de realidade lançado sobre o mundo de fantasia, o felizes para sempre deixa de ser garantia e se torna aspiração a ser alcançada. Ou não.
As indicações de Caminhos da Floresta ao Oscar:
- Melhor atriz coadjuvante (Meryl Streep)
- Melhor figurino
- Melhor design de produção