Fábio Prikladnicki
Um desagradável festim de imundície. Assim o jornal inglês Daily Mail definiu, há 20 anos, a estreia de Blasted, primeira peça da dramaturga e enfant terrible Sarah Kane, que incluía cenas de estupro, mutilação e canibalismo.
Mas em pouco tempo Sarah viu a crítica virar a favor. Seu talento foi fartamente reconhecido nos curtos quatro anos que se passaram entre a estreia de Blasted e seu suicídio em 1999, aos 28 anos, enforcada com um cadarço de sapato no banheiro de um hospital. Por trás da brutalidade temática e da inovação formal que a afirmavam como uma renovação na dramaturgia, estava uma obra de forte carga emocional que versava, acima de tudo, sobre a pureza do amor. Queria que o teatro fosse uma performance tão visceral quanto uma partida de futebol (ela era torcedora do Manchester United).