Até 18 de dezembro de 1975, Porto Alegre nunca havia recebido um espetáculo internacional de tamanha magnitude - shows como o daquela noite eram raros até mesmo no Brasil. A Capital teve a sorte de entrar na rota da turnê brasileira de Rick Wakeman, o prodígio de 26 anos que recém havia deixado de pilotar os teclados do Yes e corria o mundo promovendo seu aclamado terceiro disco solo,Journey to the Centre of the Earth, lançado no ano anterior.
Levando ao Gigantinho 19 toneladas de equipamentos de som e luz, Wakeman comandou sua banda, a British Rock Ensemble, em um espetáculo de duas horas e meia dividido em duas partes. Na primeira, mostrou trechos dos dois discos lançados em 1975, The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table e Lisztomania, trilha do filme homônimo de Ken Russell, e mais segmentos do álbum The Six Wives of Henry VIII (1973).
A segunda sessão era a mais aguardada pelos 13 mil fãs presentes: a íntegra de Journey to the Centre of the Earth, com acompanhamento da Ospa e do coral da Universidade Gama Filho, do Rio, e regência de Isaac Karabtchevsky. O som perfeito, que ninguém imaginava possível diante da precariedade dos equipamentos de sonorização nacionais à época e da acústica do Gigantinho, justificou o título da resenha posterior de ZH: "O público ficou eletrizado, tonto".
O espetáculo "acachapante" teve como momento de clímax (para os colorados) a homenagem que Wakeman, grande fã de futebol, fez ao Internacional, que dias antes, ali do lado, no Beira-Rio, tinha conquistado seu primeiro título de campeão brasileiro. No bis, Wakeman e seus músicos voltaram ao palco vestidos com camisetas vermelhas do time. Ele lógico, com a 3, do capitão Figueroa, autor do gol contra o Cruzeiro que garantiu a taça.