Os cenários de Porto Alegre recorrentes na produção audiovisual gaúcha poucas vezes foram vistos da forma com que são apresentados em Oxigênio, série em seis capítulos que estreia hoje, às 12h30min, no projeto Curtas Gaúchos da RBS TV.
Trata-se de uma trama de ficção científica que combina ação e suspense em uma Capital onde a realidade é distorcida pela comunhão de dois universos paralelos.
Produção da Panda Filmes com direção de Pedro Zimmermann, Oxigênio investe em um gênero que, no Brasil, depende da paixão de realizadores abnegados.
- O projeto de Oxigênio teve início há 10 anos com um grupo de amigos apaixonados pelo gênero fantástico - diz Zimmermann, que assina o roteiro da série com Carlos Ferreira e Jerri Dias. - De todas as histórias em que pensamos, essa foi a única levada adiante. Nunca entendi bem a reação da produção audiovisual brasileira a esse tipo de gênero. É contraditório, porque o brasileiro tende a acreditar nas coisas fantásticas.
Segundo o diretor, Oxigênio foi planejado como longa-metragem para o cinema. Mas a oportunidade surgida com a seleção, em 2009, para uma linha de incentivo do Fundo Setorial do Audiovisual específica para televisão, concedida pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), mudou o rumo do projeto. A ideia do longa, contudo, segue germinando (leia no quadro ao lado).
Nos primeiros atos de Oxigênio, são apresentados personagens atormentados por terríveis visões: Gabriel (João Vitor Reis), menino que viaja como os pais para o Litoral e vê o Túnel Verde se fechar em um corredor de fogo; Jorge (Thiago Prade), jovem biólogo que vislumbra cenas de catástrofe em paisagens aparentemente tranquilas; e Beatriz (Amanda Grimaldi), garota que encara com pavor o quarto tomado por escorpiões.
Já nessas cenas se percebe a eficiência de uma das ferramentas fundamentais para proposta: os efeitos visuais, criados pela empresa Santa Transmedia.
- O desenvolvimento de softwares gráficos e a diminuição de custos de equipamentos permite que a gente tenha aqui em Porto Alegre uma empresa de alto nível na criação dos efeitos especiais - destaca Zimmermann. - É um trabalho bastante complexo de pós-produção.
Na trama, o garoto Gabriel é o elemento chave na interligação entre a realidade da Terra e o universo paralelo chamado Terra Zero, lugar assolado por desastres ambientais, cujos sobreviventes se deslocam para nosso mundo ocupando corpos e mentes. Circulam por aqui três tipos: os nativos que não têm ideia do que está ocorrendo; os despertos, terráqueos que tiveram sua consciência trocada; e os simbiontes, aqueles que habitam, ao mesmo tempo, os dois universos.
Outros dois personagens centrais são Vitor (Felipe Mônaco), agente que organiza a ocupação da Terra, e sua antagonista, Helena (Maria Carolina Ribeiro), cientista que deseja restaurar o equilíbrio entre as dimensões paralelas e impedir que os habitantes da Terra Zero tomem a Terra. Nessa disputa de forças, Gabriel, que tem o poder de acelerar ou interromper as trocas entre as terras paralelas, é procurado tanto por Vitor quanto por Helena.
No elenco, entre outros, estão Adriano Basegio, Brigida Menegatti, Marcos Verza, Ingra Liberato, Marcos Breda e Bruno Torres. Pedro Rocha assina a direção de fotografia, e Renata Heinz, a direção de arte.
Versão para o cinema a caminho
A mão dupla de produções entre o cinema e a televisão tem se tornado frequente no Brasil, em geral com projetos que chegam primeiramente à tela grande e depois são fragmentados para serem exibidos como microsséries na TV - os exemplos recentes são Xingu, Gonzaga - De Pai para Filho, O Tempo e o Vento e Serra Pelada. No caminho inverso a exemplo de produções da Globo como A Pedra do Reino, Oxigênio deve ganhar, até o final deste ano, uma versão em longa-metragem para o cinema.
- As imagens estão todas registradas. O longa exige uma nova montagem para estabelecer um arco narrativo específico para o cinema e voltado para um público mais íntimo do gênero. O projeto nasceu voltado para o cinema, mas foi adaptado para a TV diante da oportunidade que surgiu com a linha de financiamento do Fundo Setorial - diz o diretor Pedro Zimmermann.