Um casal de turistas contrata um guia para trilhar a região montanhosa do Cáucaso, na Geórgia,na linha divisória entre Europa e Ásia. Seguindo esses três personagens, a diretora russa criada nos Estados Unidos Julia Loktev apresenta em Planeta Solitário, seu terceiro longa-metragem, uma jornada contemplativa em que, assim parece, busca traduzir o estado de espírito daqueles que se sentem deslocados na rotina convencional do mundo contemporâneo.
Coprodução entre Estados Unidos e Alemanha, Planeta Solitário (The Loneliest Planet, 2011) estreia nesta quinta-feira na Sala Eduardo Hirtz da Casa de Cultura Mario Quintana, com sessões às 16h15min e 20h.
Pouco é informado sobre Alex (Gael García Bernal) e Nica (Hani Furstenberg) além do gosto deles por aventuras em lugares inóspitos fora dos mapas turísticos. Gostam de sentir o lugar em que estão na plenitude e encaram sem frescuras as condições mais adversas. Do guia deles na aventura, Dato (Bidzina Gudjabidzeo), ele próprio diz, no seu inglês básico para o ofício, que a vida nas montanhas foi o refúgio para curar uma separação provocada pela guerra.
Em meio a planos longos belamente fotografados, que emolduram o trio como coadjuvantes da força e do humor da natureza, a diretora lança alguns momentos de breve tensão e estranhamento que são suficientes para expor fissuras na relação do casal.
Filmes desse modelo costumam sublinhar o tom transformador, redentor ou epifânico da jornada. Elementos que, conforme a boa vontade de quem assiste, até podem estar presentes na trama de forma subliminar.
Planeta Solitário, porém, abre mão desses mecanismos de empatia mais direta com o espectador e assume o risco de ser uma experiência cerebral e exasperante que se perde no caminho entre a pretensão e o resultado. Mas buscar o risco na criação artística, acertando ou errando a mão, é sempre mais estimulante do que seguir por rotas repisadas que não levam a lugar algum ou a mais do mesmo.