Um RPG pode ser engraçado. South Park: The Stick of Truth não só leva para o videogame o ritmo e o humor do seriado, mas ri de si mesmo e de um gênero sisudo em uma boa aventura.
O estilo da animação da TV combina com a proposta de jornada longa, criando uma sensação bacana de jogar o que você apenas assistia. Vale ressaltar que o jogo faz sentido para quem conhece os personagens, mesmo que isso signifique imaginar o que pode acontecer mais adiante. Cabe um alerta: ele não é recomendado para menores. Além do humor cáustico da série, algumas situações são grosseiras, fato que provocou a censura de duas cenas na Austrália.
A trama é um grande episódio, lembrando um pouco The Return of the Fellowship of the Ring to the Two Towers, exibido em 2002. Em uma brincadeira que fica séria demais, o fofinho Eric Cartman é o chefe do reino de Kupa Keep - na verdade um acampamento no seu pátio. Você controla Douchebag, um guri novo na cidade, que precisa fazer amigos e também ajudar a proteger o Cajado da Verdade.
A partir disso, o jogo combina elementos da cultura dos jogadores, outros seriados e política. A novidade está na forma como convenções dos videogames são usadas para que o jogador dê risada da cena e também seja motivo de piada. É possível criar um nome, mas Cartman irá falar que isso não importa e vai chamar você de babaca assim mesmo, por exemplo.
A escolha das classes de personagens e suas armas parecem estranhas, mas depois do riso inicial fará sentido. O RPG usa o sistema tradicional de turnos, sem fugir de mecânicas características. Se isso parece clássico para o atual momento, os personagens mesmos tratam de justificar o porquê.
Assim, o jogo é compreensível para quem conhece o gênero e acessível para jogadores sem experiência. Em virtude disso, será necessária paciência com o sistema de combates. É divertido explorar a cidade e reconhecer personagens, o que pode tomar um bom tempo durante as quests. Quando isso é feito fora de hora, algum personagem fará você retornar ao rumo correto.
A força - algumas vezes sem controle - de South Park consegue uma proeza: devolve o humor para um gênero marcado por jogos épicos. A combinação de fantasia com a crítica característica lembra a série Leisure Suit Larry, que combinava humor e picardias em aventuras. A cópia usada para esta análise foi cedida pela Ubisoft.