Janeiro é sempre mês de integração latino-americana em minha vida. Foi nesta época do ano em que, a convite do Luiz Carlos Borges, passei um mês na Argentina em 2007, comemorei meu aniversário dentro de um ônibus cruzando o país, conheci o caminho dos Sete Lagos, vi a multidão cantando no Festival de Cosquín e encontrei Mercedes Sosa pela primeira vez.
Essa época do ano sempre me reserva momentos especiais: recém voltei do Uruguai, onde vi o ano de 2014 chegar na companhia de pessoas especiais, iluminadas, artísticas, com as quais renovei as energias para a música e a vida. Gente do Brasil, do Chile, da Argentina, do Uruguai, da Costa Rica e de outros cantos do mundo, todos reunidos em um local com o objetivo de compartilhar. Escrevi há poucos dias: tempos em que essa palavra ganha tanto poder e significado no virtual, praticá-la no real chega a ser milagroso!
Nesta semana, mesmo com muitos dos Serenos já de volta e outros recém-chegados por lá (o local onde acontece essa reunião se chama La Serena, coincidência ou não!), comemorou-se o aniversário do Daniel Drexler, o principal responsável por essa reunião de gente boa! Obrigada pelo convite a ti, Dani, e ao amigo Zelito, que há tempos, assim, feito formiga, vem trocando composições por essas bandas.
Sigo em janeiro nesse caminho de trocar afinidades. Os acordes de chamamé já começam a tomar forma e um sapucay começa a me chamar a Corrientes. Lá me vou para mais uma edição da Fiesta Nacional Del Chamamé e Fiesta Del Chamamé Del Mercosur. Há sete anos, tenho a alegria de pisar naquele palco, representando o Brasil e mostrando nossas vertentes chamameceras para um incansável público de 20 mil pessoas por noite. Além dos shows, um painel reunindo gente do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai fala dos rumos da cultura chamamecera mundo afora. Não tenho dúvidas: o chamamé é uma cultura muito além das fronteiras.
Que La Virgen de Itatí nos proteja e que a integração seja um ato de compreensão entre os povos!
(Pablo Milanés canta por aqui, enquanto escrevo: yo pisaré las calles nuevamente...)