Advogado e pesquisador, Israel Lopes autografa neste sábado, às 15h, o livro Pedro Raymundo e o Canto Monarca. Catarinense de nascimento, o personagem biografado foi um precursor da música regionalista brasileira - inspirou, inclusive, o Rei do Baião Luiz Gonzaga.
Zero Hora - A que o senhor atribui o fato de que Pedro Raymundo não é tão conhecido, pelo público em geral, quanto nomes como Teixeirinha e Gildo de Freitas?
Israel Lopes - Quando houve a expansão da música regional gaúcha, na década de 1960, a carreira artística de Pedro Raymundo já estava em declínio. Teixeirinha e Gildo aproveitaram aquele bom momento, proporcionado pelo Movimento Tradicionalista no rádio, e continuaram gravando com sucesso até o início da década de 1980, enquanto viveram. E, como esse gauchismo se firmou por meio dos CTGs, as músicas de ambos se tornaram clássicas.
ZH - Que legado Pedro Raymundo deixou?
Lopes - Ele teve o mérito de ser o introdutor do cancioneiro gaúcho, no final de década de 1930, no rádio do Rio Grande do Sul, quando predominava a música urbana e estrangeira. Depois, transferiu-se para o Rio de Janeiro e gravou a primeira música gauchesca de sucesso nacional, o xote Adeus Mariana, em setembro de 1943. Em 1944, na Rádio Nacional, ele tornou a música gauchesca conhecida em todo o Brasil. Foi um pioneiro na Era do Rádio. Até nos festivais de música nativista ele tem seguidores, na música mais popular, que é o tradicional gaitaço.
ZH - Como foi produzir o livro e quais os problemas enfrentados, haja vista que a maioria das pessoas que conviveram com Pedro Raymundo já estão mortas?
Lopes - Como iniciei a pesquisa em 1983, ainda consegui entrevistar alguns contemporâneos dele, como Teixeirinha, Honeyde Bertussi, Dimas Costa e Waldir Rodrigues. Numa segunda etapa, mais recente, eu pesquisei em jornais e revistas das décadas de 1930, 40 e 50, que são fontes primárias importantes nesse tipo de trabalho. Porém, a minha pesquisa abrangeu, além do estilo regionalista de Pedro Raymundo, o nativista e o missioneiro.
Pedro Raymundo e o Canto Monarca: Uma História de Música Regionalista, Nativista e Missioneira, de Israel Lopes. Editora Suliani Letra&Vida, 240 páginas, R$ 28,00 (em média)