Quem caminha pelos corredores da 59ª Feira do Livro pode ter reparado na ausência dos pipoqueiros. Todos eles precisaram deixar seus pontos tradicionais devido a medidas mais rigorosas para prevenir incêndios. Enquanto vendedores de picolé e algodão-doce podem circular livremente, carrinhos de pipoca devem permanecer estacionados nas entradas, longe das bancas cheias de livros. Isso porque eles carregam botijões de gás, que estão proibidos no novo plano de proteção contra incêndios da Feira.
A pipoqueira Ilza Schaidhaues Fraga, de 66 anos (21 de Feira) não estava nem um pouco contente com a situação.
- Há 21 anos que eu venho. É a primeira vez que deixam fora. Eu tenho um extintor enorme, fiz curso de bombeiro (obrigatório para os vendedores ambulantes), tenho alvará e tenho licença da SMIC, meu carrinho nunca incendiou nem vai incendiar - explica a vendedora, relatando que teve despesas para participar do evento - neste ponto vende muito menos - acrescentou ela, que estava a frente do Santander Cultural.
Assim como Ilza, pelo menos outros cinco pipoqueiros estavam nos acessos de entrada da feira, entretanto nem todos estavam insatisfeitos.
_ Eu tava lá no meio, onde foi meu ponto todos os anos. Depois de Santa Maria, qualquer coisa... Foi um pedido, não custa atender _ explicou José Alves Valencio, 64 anos, o "Zé da Pipoca", que tem 50 anos de Feira e está estacionado no outro lado da 7 de setembro.
_ Para mim não fez diferença. Todos os carrinhos oferecem perigo se não fizer a manutenção diária. Comigo nunca aconteceu, mas com vários colegas já aconteceu acidente _ opinou a vendedora Solange Rocha dos Santos, 39 anos, parada na Rua dos Andradas.
Segundo o engenheiro responsável pela feira, Eduardo Bergallo, o cuidado com incêndios foi aumentado em 2013. Além do plano de evacuação, duas vezes por semana, brigadistas revisam os 140 extintores espalhados pela pela praça, um em cada barraca, e outros distribuídos em áreas comuns.
- A legislação é complicada, é feita para edifícios. Para voltarem no ano que vem, cada pipoqueiro vai ter que fazer um plano próprio para incêndios. Os carrinhos são precários, tem botijões e mangueiras velhas - acrescenta.
No final da tarde, entretanto, os pipoqueiros conseguiram entrar na Feira do Livro. É que caiu uma pancada de chuva e eles tiveram permissão de se acomodarem embaixo dos toldos.
A praça de alimentação não sofre restrições porque toda a instalação é elétrica.