A cena chama atenção de cara: espalhados pela Feira e em outros pontos do Estado, alguns escritores conhecidos aparecem em fotografias como se fossem presidiários. De certa forma, eles são. E foi justamente por isso que toparam participar da campanha "Liberte seus autores da Estante. Doe livros".
Criada pela Agência Escala, a ação tem como objetivo ajudar o Banco de Livros - uma iniciativa da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) - a estimular a prática do desapego. Há cinco anos, o projeto arrecada obras em desuso, higieniza e restaura aquelas que precisam de cuidados e redistribui os exemplares para quem necessita.
- Queremos que os livros cumpram o seu papel. Muitos já foram lidos, ou nem isso, e acabam ficando guardados nas casas das pessoas por anos, sem nenhuma leitura. Queremos fazer circular esse conhecimento - diz o presidente do Banco de Livros, Waldir da Silveira.
Ao todo, a proposta já conseguiu arrecadar 450 mil volumes. A maior parte deles passou a compor os acervos de bibliotecas e de salas de leitura de 222 entidades no Estado. Muitos desses locais foram montados ou reformados pelo próprio Banco, em presídios, clubes de mães, favelas e unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), a antiga Febem. Mais recentemente, surgiu a ideia de contemplar 120 postos de saúde da Capital, a partir de outro projeto, o Cultura na Veia, para tornar a espera por atendimento menos entediante.
- Ainda há muito por fazer - resume Silveira.
Com a nova campanha na rua, o Banco espera ampliar as adesões. A participação de nomes conhecidos da literatura gaúcha deve contribuir para isso. Entre eles, estão Martha Medeiros, Fabrício Carpinejar e Luís Augusto Fischer, o patrono da Feira.
- Decidi participar, considero a ideia muito legal. Mobiliza um sentimento positivo na sociedade e propicia algo que o Brasil já deveria ter feito há décadas: oferecer bibliotecas decentes à população - diz Fischer.
Na Feira, a iniciativa tem o apoio da ONG Parceiros Voluntários, mas conta com outros apoiadores no Estado (veja o quadro). No próximo dia 17, às 13h, todas as doações serão reunidas na área infantil da Praça para formar uma "montanha do saber". A intenção, com isso, é mostrar o resultado da mobilização. Até o início da semana, só na Feira, já haviam sido coletados 2 mil livros.
Como doar
> Na Feira, os pontos de coleta estão no estande da Parceiros Voluntários e nos postos de informações.
> Há pontos espalhados pelo Estado em diferentes estabelecimentos, entre eles as filiais da RBS TV, 280 farmácias Panvel, 120 estacionamentos Safe Park e, na Capital, 20 unidades dos supermercados Zaffari.
Troca-troca de livros
> Além da campanha do Banco de Livros, uma iniciativa paralela está rolando na Feira para incentivar o hábito da leitura. E o melhor: sem que você precise gastar nada por isso. É o troca-troca de obras, no estande do Grupo RBS, que fica perto do Santander Cultural.
> A ação funciona como uma espécie de biblioteca pública na Praça. Basta levar um livro de casa, que você já leu, e trocar por qualquer outro que esteja disponível nas prateleiras do estande. Não precisa pagar e nem se cadastrar. A única exigência é que o livro oferecido seja literário: não vale livro didático. É possível fazer trocas quantas vezes quiser e ainda deixar um recadinho para o leitor que pegar um dos seus exemplares.
> Outro espaço que está promovendo troca-troca na Feira é o do Banrisul.