Coleção A Novela
O Memorial conta com a coleção completa de A Novela, revista mensal da Editora Globo, dirigida por Erico Verissimo no período de 1934 a 1937. A publicação trazia textos de ficção de diferentes autores, como Aldous Huxley. Este trabalho foi o embrião da Biblioteca dos Séculos, lançada pela Globo anos mais tarde.
Sob a guarda dos amigos
Mario de Almeida Lima e Flávio Loureiro Chaves eram amigos de Erico e foram presenteados com originais e manuscritos da obra do escritor.
Mario e Erico se tornaram amigos quando trabalhavam na Editora Globo. Paulo Lima, diretor da L&PM e um dos filhos de Mario, morto em 2003, recorda a história contada pelo pai de que, certa vez, Erico disse que gostaria que o amigo levasse e guardasse consigo o baú que continha os originais dos livros. Mario não aceitou. Mais adiante, porém, Mario recebeu os originais de O Retrato, a segunda parte de O Tempo e o Vento, que foram encadernados em cinco volumes. Depois, vieram os originais de Noite e outros tantos documentos, entre os quais correspondências que trocavam quando o escritor morou nos Estados Unidos.
Flávio Loureiro Chaves era um jovem estudante de Letras e, interessado na literatura de Erico Verissimo, foi bater à porta da casa do escritor com um exemplar de O Continente, a primeira parte da famosa trilogia. A partir daquele momento, uma grande amizade se construiu. O acervo do doutor em Letras foi montado ao longo de 40 anos. Além de alguns originais, Flávio foi presenteado com as primeiras edições de livros, autografadas. Passou a compilar também a fortuna crítica da obra de Erico, que hoje soma mais de 1,2 mil títulos. Coube a ele organizar os originais da segunda parte de Solo de Clarineta, obra póstuma, publicada em 1976.
Em vídeo, conheça o Memorial:
Mapa de Sacramento
O Senhor Embaixador, publicado em 1965 tem parte da história passada em Washington, nos Estados Unidos, e outra situada na fictícia ilha de El Sacramento, no Caribe - que, de acordo com o documento original, seria primeiramente chamada de Nova Granada. O mapa, desenhado pelo próprio Erico, serve de orientação para toda a narrativa, traz informações como a relação das principais cidades e as características geográficas e econômicas. Registra, por exemplo, que Puerto Esmeralda é a cidade mais progressista e populosa. Flávio Loureiro Chaves observa que a ilha imaginária foi desenhada no formato do Brasil, no momento em que o país estava mergulhado na ditadura militar. Anotações mostram que havia a preocupação de buscar alternativas para fugir da censura imposta, como a frase escrita na margem superior e à esquerda do documento: "Poetas e artistas 'forçavam' a ilha a ter a forma de coração para fins poéticos e plásticos".
Roteiro para O Resto é Silêncio
Erico Verissimo escreveu o roteiro para cinema de seu romance O Resto é Silêncio. O documento, que tem como título "Idéias para a adaptação cinematográfica do romance", trata do tipo de filme desejado, observa que a ação se passa entre o anoitecer da Sexta-Feira da Paixão e a meia-noite do Sábado de Aleluia, e lista os personagens, com seus perfis básicos. Uma das personagens aparece cortada. O documento apresenta também a sinopse do enredo.
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O homem perdido
Noite foi escrita e lançada entre a publicação da segunda e da terceira parte de O Tempo e o Vento, O Retrato e O Arquipélago, respectivamente. Tem uma característica bem diferente da obra do autor, até o momento, tendo como cenário o espaço urbano e noturno, fazendo referência ao subconsciente. Seus originais permitem observar o processo criativo, com rasuras, correções, descartes.
NOITE
Lançada em 1954, esta é uma das obras mais singulares no conjunto da obra. Alegórica e onírica, mostra um homem em busca da própria identidade e do próprio passado ao longo de uma noite.
Também em vídeo
Entre os vídeos que são passados em diferentes espaços do Memorial, destacam-se o curta Erico Verissimo - Memórias de um escritor (foto) e o especial Vinte Gaúchos que Marcaram o Século 20 - Erico Verissimo, ambos cedidos pela RBS TV.
Fantoches
Fantoches, uma coletânea de histórias, foi o primeiro livro de Erico Verissimo, publicado em 1932, pela Globo. Para comemorar os 40 anos da carreira do escritor, a editora republicou o livro, mas acrescido de comentários do próprio autor. Para a realização deste trabalho, as folhas de um dos exemplares da primeira edição foram enquadradas em uma moldura cartonada, uma a uma, possibilitando anotações na marginália. São 212 páginas manuscritas, que mostram a releitura de Erico, já um escritor consagrado, de sua primeira obra, a partir de desenhos, caricaturas, observações e comentários, muitos transparecendo severa autocrítica.