Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero prega na porta da Catedral de Wittenberg, Alemanha, as suas 95 teses. Seu apelo é por uma reforma nas práticas da Igreja Católica, exigindo, principalmente, uma menor participação do dinheiro na conduta religiosa. A "Reforma" teve consequências por toda a Europa, dividiu reinos, gerou protestos, mortes, e mudou para sempre a Igreja.
Para alguns, Lutero destrói a unidade do que seria "a" Igreja, não passando de um monge renegado desejando destruir os fundamentos do Catolicismo. Para outros, é o grande herói que restaura a pregação do Evangelho, o reformador de uma igreja corrupta que muda o curso da história quando desafia o poder do Papa e do Império, permitindo que o povo tenha acesso à Bíblia em sua própria língua. Ao atacar a força da grana nas relações religiosas, desperta o ódio dos poderosos. Segundo Lutero, se é verdade que o Papa tem o poder de livrar as almas do purgatório ao perdoar os seus pecados, deve usar esse poder, não por meio da venda de indulgências, mas, simplesmente, por amor. Para Lutero a Igreja devia perdoar os pecadores gratuitamente.
Acredita-se que Lutero teria tentado apresentar seus argumentos ao Papa e a alguns amigos de outras universidades. No entanto, as 95 teses colocadas na porta da Catedral de Wittemberg e os muitos argumentos teológicos impressos e distribuídos por ele nos meses seguintes, acabaram se espalhando por toda a Europa, fazendo com que fosse chamado ao Vaticano para se retratar perante o Papa. A partir de então, entra em conflito com a Igreja Católica.
Em 1520 é excomungado pelo papa Leão X, alegando incorrer em "heresia notória". Lutero, temendo a morte, se exila no Castelo de Wartburg. Durante esse período trabalha na tradução da Bíblia para o alemão, resultando na impressão do Novo Testamento em setembro de 1522. Para algumas vertentes do catolicismo, os protestantes são hereges. Para outras, "irmãos separados".
Interessante notar que, passados quase 500 anos da Reforma Protestante, as Igrejas contemporâneas seguem profundamente atreladas ao dinheiro e ao poder. Bancadas religiosas, concessões públicas de canais de TV e rádio, lucros exorbitantes advindos de dízimos e doações são um exemplo claro da exploração mercadológica da fé. Em meio a tanta grana, impossível não repetir a questão fundamental de Lutero: onde está o amor?