O novo cinema brasileiro saiu premiado do Festival de Gramado. Tatuagem e A Bruta Flor do Querer levaram os principais troféus na 41ª edição do evento serrano. Com quase meia hora de atraso, a cerimônia de premiação do Festival de Cinema de Gramado começou no sábado à noite com os troféus para os curtas-metragens.
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Acalanto foi o grande vencedor da categoria: o belo filme maranhense inspirado em um conto do escritor moçambicano Mia Couto levou cinco merecidos prêmios - incluindo melhor filme, diretor (Arturo Saboia) e atriz (Léa Garcia). Um dos três títulos gaúchos na disputa, Os Filmes Estão Vivos, de Fabiano de Souza e Milton do Prado, ganhou o Prêmio Especial do Júri e o troféu de melhor filme pelo Júri da Crítica.
Já entre os longas estrangeiros, a consagração foi para o colombiano Cazando Luciérnagas. A história de um homem casmurro que vive isolado do mundo e recebe a inesperada visita da filha arrebatou o júri, que lhe reservou quatro dos seis prêmios: melhor diretor (Roberto Flores Prieto), atriz (Valentina Abril), roteiro e fotografia - um trabalho excepcional de Eduardo Ramírez González.
O Kikito de melhor filme estrangeiro acabou indo para o documentário Repare Bem, dirigido pela atriz portuguesa Maria de Medeiros. A Oeste do Fim do Mundo, coprodução entre Brasil e Argentina dirigida pelo gaúcho Paulo Nascimento, recebeu uma menção honrosa do Prêmio Dom Quixote, concedido pela Federação Internacional de Cineclubes, e a estatueta de melhor ator para César Troncoso - a sensível atuação do uruguaio foi uma das unanimidades em Gramado.
O júri de longas brasileiros não deixou ninguém sem prêmio: todos os oito concorrentes ganharam pelo menos um Kikito. Estreia do roteirista pernambucano Hilton Lacerda na direção de ficção (ele codirigiu o documentário Cartola - Música para os Olhos), Tatuagem confirmou seu favoritismo, arrebatando os prêmios de melhor filme, ator- Irandhir Santos era outra aposta certa - e trilha sonora.
O Kikito para atuação feminina também endossou uma barbada: Leandra Leal recebeu o prêmio por sua empenhada interpretação de uma grávida de oito meses em Éden, repetindo o reconhecimento recebido no Festival do Rio de 2012. O instigante filme do diretor Bruno Safadi, aliás, merecia mais prêmios - mas, além de melhor atriz, Éden só levou o Kikito de melhor desenho de som.
A grande surpresa da premiação ficou com a estatueta de direção para A Bruta Flor do Querer. Debutantes no longa-metragem, os jovens realizadores Andradina Azevedo e Dida Andrade pareciam também duvidar da distinção quando subiram ao palco - apesar de ser uma promissora estreia, o trabalho da dupla não tem a sofisticação daquele realizado por Lacerda (Tatuagem) e Safadi (Éden), por exemplo. A fotografia de A Bruta Flor do Querer também foi premiada - desbancando craques das câmeras como Jacques Cheuiche (Revelando Sebastião Salgado), Jacob Solitrenick (Os Amigos) e Lula Carvalho (Éden).
A animação gaúcha Até que a Sbórnia nos Separe, de Otto Guerra e Ennio Torresan Jr., levou o Kikito de melhor direção de arte e dividiu com A Coleção Invisível o prêmio de melhor filme do Júri Popular.