Entra em cartaz em Porto Alegre nesta sexta-feira, o drama alemão Hannah Arendt, que destaca um momento emblemático da biografia de uma grandes pensadoras do século 20. A diretora Margarethe Von Trotta dirige, é a protagonista é Barbara Sukowa, com quem trabalhor em outra cinebiografia, Rosa Luxemburgo (1986).
O filme destaca a chegada de Hannah Arendt e seu marido, Heinrich (Axel Milberg), aos Estados Unidos, nos anos 1940. Ambos judeus, ele fugiam da perseguição dos nazistas na Europa. Já reconhecida como escritora e professora nos campos da filosofia e da ciência política, Hannah aceita, em 1961, escrever para a revista The New Yorker uma série de artigos sobre o julgamento em Israel do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann, responsável pelo plano de extermínio que resultou na morte de milhões de pessoas, em sua imensa maioria judeus, durante a II Guerra.
Hannah destaca nos artigos que nem todos que praticaram os crimes de guerra podiam ser chamados de monstros e que alguns judeus colaboraram de forma passiva com o Holocausto. A polêmica despertada por suas análises gerou críticas negativa e rejeição nos ambientes acadêmico e social. Mas Hannah manteve a convicção de suas análises - que originou um de seus livros referenciais, Eichmann em Jerusalém, publicado em 1963, no qual consagrou a expressão "a banalidade do mal".
Hannah Arendt (1906 - 1975) nasceu em Hannover, na Alemanha, em uma família judia. Criada em ambiente frequentado por intelectuais, mostrou desde a juventude interesse pelo sionismo e pela filosofia. Teve como professor na universidade o filósofo Martin Heidegger, de quem foi amante. Com a ascensão de Adolf Hitler ao poder, Hannah fugiu da Alemanha com destino à Praga, Genebra e, finalmente, Paris, onde viveu durante parte da II Guerra.
Hannah preferia que seus estudos teóricos fossem classificados no campo da ciência política e não da filosofia. Em sua obra, deu ênfase à questões ligadas à educação, à pedagogia e à mecânica do poder - é autora de, entre outros títulos, As Origens do Totalitarismo, de 1951.