Por quatro dias - de 22 a 25 de julho - amantes do desenho se reuniram na Biblioteca Municipal Josué Guimarães, em Porto Alegre, para trocar experiências, ter aulas com grandes nomes do desenho do Rio Grande do Sul e para deixar a imaginação correr solta - ou quase isso.
Unindo desenho e literatura, a oficina Dom Quixote em Quatro Traços trabalhou cenas e personagens do famoso livro Dom Quixote La Mancha, de Miguel de Cervantes. Para ministrar a atividade - cujo tema foi de agrado de todos -, foram convidados o capista Santiago, o chargista e cartunista Edgar Vasques, o ilustrador e caricaturista Gilmar Fraga e o cartunista de humor Iotti. Cada dia, um mestre demonstrou sua técnica e sua interpretação.
Para a estudante de Artes Visuais da UFRGS, Andressa Pacheco Lawisch, a interação foi fantástica.
- A maioria dos colegas já eram familiarizados com o desenho de alguma forma, e o contato com os ministrantes ajudou a ampliar nossos conhecimentos, seja dando alguns macetes ou dicas importantes. Foi uma troca, de ideias e experiências muito gratificante e mostrou as diversas maneiras de representar uma mesma cena, podendo trazer fragmentos de assuntos atuais - disse.
Segundo ela, a oficina ajudou a direcionar o desenho para o campo profissional.
- Recebemos dicas de como simplificar o traço e torná-lo apresentável pensando também que aquele mesmo desenho seria digitalizado, podendo sofrer pequenas alterações.
A opinião foi compartilhada pelo arquiteto Roberto Freitas:
- A oportunidade de interagir com craques como estes é única e sensacional. O Santiago tem as "sacadas" sensacionais, o Edgar é um artista incrível, o Iotti é o humor em pessoa e o Fraga, um virtuoso do desenho. Para mim, foi como um guri que joga bola na várzea entrar em campo com o Pelé, Maradona, Zidane e o Messi -brinca.
Confira alguns dos trabalhos:
A artista plástica Bianca Barros Almeida Pinheiro também elogiou a interação com os ministrantes: - Não tive muitas chances de ver professores desenhando, ali na minha frente, é uma experiência muito bacana. Foi importante ver o material que utilizam, as técnicas, o modo como pensam o desenho- disse. Porém, lembrou que o mercado de arte brasileiro ainda é difícil.
- Apesar de desenhar e pintar muito por conta da minha formação, não posso dizer que trabalho efetivamente com isso. A gente expõe uma obra aqui, vende outra ali, mas não é algo fixo, não existe um trabalho fixo para o artista. Ser bacharel em arte é algo muito bonito, te ajuda a crescer como ser humano, te dá conhecimentos gerais, mas não é fácil viver disso num país como o Brasil, onde não há um mercado de arte consolidado -explica.
Apesar da dificuldade, os participantes concordam que o atual cenário de ilustração caminha para um futuro que tende a ser promissor.
- O mercado infelizmente é monopolizado o que diminui as oportunidades, porém a internet proporciona a participação em concursos nacionais ou internacionais e a promoção individual e por conta própria - diz Roberto Freitas.
- O Rio Grande do Sul tem ótimos ilustradores, e hoje eu vejo que mais e mais pessoas querem trabalhar dentro desse meio, mesmo tendo que batalhar bastante até conseguir um espaço para lançar seus desenhos - afirma Andressa.
- Atualmente, a ilustração parece estar em um momento bom, com vários nomes ótimos como referência no RS, e também muitos profissionais dedicados - completa o participante Gustavo Assarian, estudante de Artes Visuais da UFRGS.